sábado, 24 de abril de 2010

Primeiro encontro (16/04/2010)

Estava cheia de expectativas neste dia. Finalmente um encontro com os bolsistas, Ráiden e Maurício (os professores) e eu! Preparei uma pauta com a lista dos assuntos que queria abordar, mas tudo foi logo se misturando a partir do primeiro assunto, ou seja, as apresentações. O papo estava tão interessante que não tive coragem de cortá-lo para redirecioná-lo para os pontos da pauta ...
Ráiden começou e logo foi contando sobre sua trajetória de estudante/músico até ser concursado pela escola municipal Olga Figueiredo no Vale do Matatu de Brotas. Descreveu bem o desânimo ao entrar na escola pelo desconhecimento deste mundo para o qual não tinha sido preparado. "E agora o que eu faço?"  ... este foi o ponto inicial de um ano atormentado que, aos poucos, foi amenizado através do estudo, do compartilhamento de experiências com outros colegas, do conhecimento da realidade e da capacidade de vislumbrar soluções. Liderou junto a outros colegas um trabalho que se materializou no documento "Marcos de aprendizagem em música". Após muita batalha, conseguiu montar um musical e levá-lo a um teatro. Iniciativa esta que foi muito elogiada e tida como referência. Este ano, então, deu continuidade e com algumas turmas está montando outro musical que tem como tema a África.
Os bolsistas presentes foram se apresentando, mostrando entusiasmo e vontade com esta proposta que permitirá a eles de ingressar nas escolas de forma suave e gradativa.
Maurício não contou muito sobre sua vida musical. Especificou que estudou na Católica e logo foi entrando no mérito da escola onde trabalha, a Santa Bárbara no Jardim Cruzeiro. Como aconteceu com Ráiden, o choque inicial foi grande. A pergunta "e agora, o que eu faço?" também se fez logo presente. Após um primeiro período de ambientação, ele manifestou uma interessante mudança de atitude, que espero contagie todos nós nas horas das adversidades. A este respeito ele contou que não tendo a disposição uma sala para a aula de música, fez com que todas as 9 salas da escola se tornassem sua sala de música. Começou pela decoração: da mesma forma que os professores alfabetizadores colocam as letras do alfabeto com desenhos e tudo mais, por que não fazer o mesmo com figuras musicais (ou outros aspectos relacionados com a música)?
Para viabilizar o deslocamento de uma sala para outra, transformou uma mesa de computador, que ficava inutilizada em sua casa, num carrinho com rodas, onde começou a colocar tudo que for preciso para as aulas daquele dia. Falou um pouco também do trabalho que está desenvolvendo com o EJA (Educação de Jovens e Adultos). Além destas soluções que transformaram o dia-a-dia dele mostrou um grande comprometimento e idealismo no seu trabalho.
Eu fiquei muito feliz em ter a sorte de poder colaborar com dois professores batalhadores, eternos estudantes e inconformados. Entendo que nestas horas o exemplo vale muito mais de milhares de palavras. Ter atitudes positivas, transformadoras, ter iniciativa serão com certeza elementos contagiantes.
Sem dúvida a construção de uma passarela de mão dupla entre as escolas e o curso de licenciatura será um marco. Tudo a partir desta experiência começará a mudar ... primeiro de tudo em nós.
Sucesso para o nosso trabalho!

2 comentários:

  1. (...)"Eu fiquei muito feliz em ter a sorte de poder colaborar com dois professores batalhadores, eternos estudantes e inconformados."

    Com certeza isso fará toda diferença, conversei com alguns bolsistas de Biologia, e eles ainda estão meio perdidos com relação aos professores...

    Começamos com 2 pés direitos!

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  2. Bom saber disso!! É interessante observar uma coisa. Nas outras áreas as escolas conveniadas contam com vários professores de biologia, geografia, história etc etc. Música ... zerada nos colégios estaduais e quase zerada nos municipais.
    Nós e as adversidades ...
    Mas vejam ... esta adversidade fez com que a gente pudesse sugerir/escolher 2 professores com um perfil específico para este projeto, coisa que não aconteceu nas outras áreas.
    Saber em tempo que os possíveis professores das 2 escolas já conveniadas não teriam comparecidos, fez com que houvesse uma articulação (meio louca) que levou ao final feliz da seleção dos professores supervisores.

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