sábado, 10 de dezembro de 2011

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

XVI ENDIPE ....


Semana de provas

Data: 06/12/2011.

Esta é a última semana de aulas na Escola Carmelitana. Estive na escola para a minha segunda visita. Ao chegar à escola, percebi que os alunos estavam fazendo as provas para finalizar as atividades do ano letivo de 2011. Como eu havia visitado o 5º ano B na aula anterior, e como não haveria aula de música neste dia. Fui ao 5º ano B e auxiliei a professora Paula que estava aplicando uma prova.

Os alunos neste dia fizeram prova de Português e Ciências.

Prova de Ciências, conteúdo: Aquecimento Global.

Prova de Português, conteúdo: Adjetivos pátrios, ortografia: mas e mais, e aumentativo.

Após o término da prova, a professora Paula saiu por alguns minutos, e eu fiquei tomando conta da sala. Aproveitei esta oportunidade e conversei com os alunos. Apresentei-me informando meu nome, e disse que matéria iria ensinar. Em seguida pedi que cada aluno falasse seu nome e sua idade. Após concluir esta atividade a professora Paula voltou à sala. Em seguida a professora liberou a turma, pois, como é semana de prova os alunos fazem a prova e depois são liberados.

A escola ainda continua ocupada por alguns moradores do S. Antônio, devido aos problemas causados pela chuva.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Baba na sala - Vínculos.

BABA NA SALA – VÍNCULOS.

Depois de mais de um mês impedido de comparecer à Santa Bárbara devido a imprevistos freqüentes, como feriados, paralisações e participações em seminários do Pibid, retornei nesta terça para rever a criançada. Por já estarmos nas últimas semanas de aulas, todos estavam envolvidos na realização das avaliações finais. Como Maurício iria fazer exames no joelho e ainda tentar acompanhar a defesa de conclusão de curso dos “pibidianos” Ricardo, Jéssica e Ana , pediu – me para cobrir ele caso ocorresse alguma necessidade. Fiquei feliz ao entrar na escola e perceber o quanto estava com saudade e como realmente tinha conseguido estabelecer vínculos efetivos com a comunidade escolar, e principalmente com as crianças. Ao chegar dei uma visitada em cada sala para rever todos, sem chamar muita atenção para não atrapalhar as provas. Comuniquei a diretora que Mauricio não poderia ir e havia me mandado para substituÍ-lo caso houvesse precisão. Enfim, acabei com uma turma pequena de oito crianças para ajudá-los a ensaiar para uma apresentação que fariam na quinta feira fora da escola. A apresentação consistia num jogo de copos para acompanhar a composição que eles haviam composto sobre o lixo e o meio ambiente. Foi uma experiência inusitada para mim, estar em contato com aqueles alunos em um grupo pequeno e focados num objetivo comum. A experiência que tive durante o ano com eles na sala de aula com o resto da turma, quase sempre sem aquele interesse dinâmico que se perde em meio a bagunça, as conversas paralelas, as briguinhas , era bastante diferente daquele contato que estava tendo naquela manhã . Acabo de crer que a “bagunça” e a desatenção, à exceção de uma aula desinteressante, são expressões do coletivo exagerado. É mesmo questionável pedagogicamente o número de alunos que o sistema educacional atual concentra numa mesma turma, com turmas reduzidas o processo dialético da educação com certeza se concretiza efetivamente.Voltando para o ensaio, os meninos estavam mesmo comprometidos em fazer uma boa apresentação, reflexo que atesta o processo construído durante o ano pelo prof. Mauricio, posso até escutá-lo me relatando vibrante de que essas pequenas coisas é que validam a nossa sofrida profissão de educador. O ritmo com os copos era baseado na primeira parte do “Bate Mônjolo” e a composição,com uma letra bem construída, consistia numa versão meio ao estilo Rap. Após umas sete execuções e alguns poucos ajustes na sintonia entre vozes e ritmo e algumas sugestões para a performance encerramos o ensaio e eles me pediram para irmos para a quadra jogar bola, perguntei para a diretora sobre a possibilidade más soube que aquele horário não seria possível. Então retornei para a sala e “armamos o baba” na sala mesmo, fiz uma bola de papel e sacos afastamos as cadeiras e PIIIIIIIIIIIIIII ! começou o jogo ! Para mim foi maravilhoso, fechei o ano na Santa Bárbara com chave de ouro, aquela partida foi divertidíssima e apesar dos “trancos” normais dos babas de rua tudo rolou no maior respeito mútuo, com o placar de 11x10 encerramos as 11hs e ainda tive o prazer de sair da escola acompanhado da turma até o ponto de ônibus. É isso ! fiquei mesmo feliz em sentir que após esse ano de encontros proporcionado pelo Pibid com essas crianças , consegui perceber-me,de verdade, enquanto membro desta comunidade escolar. Sendo assim ,concluo ; O vínculo é o primeiro passo, a primeira porta e janela para para uma educação real.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Primeiro contato com a escola Carmelitana

No dia 28 de novembro tive o meu primeiro contato com a escola Carmelitana no período da tarde. Nesta minha visita fui acompanhado por Tiago. Ao chegarmos à escola o estagiário Tiago apresentou-me ao quadro de professores e à diretora da Escola. Em seguida fui conhecer as instalações da escola e a sala de música, que encontrava-se ocupada com armários, pois em algumas salas foram abrigados  alguns moradores do S. Antoônio, devido aos problemas causados pela chuva.
Fiquei muito feliz em saber que a escola Carmelitana tem um espaço reservado para as aulas de música. Meu primeiro contado com os alunos foi com a turma do 4º ano. Ao entrar na sala percebi que o professor David estava à frente da turma ministrando uma atividade de Matemática, auxiliado por Maurício, pois a professora do 4º ano havia faltado. Quando cheguei à sala, a atividade já havia começado. Aproveitei a oportunidade e fui juntamente com Tiago ajudar Mauricio e David. Auxiliei duas alunas, pois elas estavam com dúvidas na atividade. Mesmo sendo uma atividade de matemática o professor David estava trabalhando a leitura e pediu que cada aluno lesse um trecho de cada questão da atividade.
A correção dos exercícios foi feita por Mauricio, Tiago e o professor David. Após esta aula, fui conhecer a turma do 5º ano. Ao entrar na sala antes mesmo da professora me apresentar à turma, uma aluna já foi perguntando meu nome. A professora responsável pelo 5º ano é a professora Paula. Observei um pouco da aula dela.
O conteúdo foi adjetivos pátrios e a professora trabalhou com cada aluno individualmente fazendo ditado sobre o conteúdo estudado. Neste dia apareceu na escola o pessoal da “Defesa Civil”. Estes funcionários foram conversar com alguns dos representantes das famílias que estão abrigados na escola. Acompanhei de longe o diálogo entre os moradores e os funcionários da defesa civil.
No final da tarde, conversei com os professores David e Paula, juntamente com Mauricio Tiago. Fui muito bem recebido por todos os professores da escola Carmelitana.

Muitas sementes, poucos semeadores. Reabrindo os portões da escola!


Hoje foi um dia bastante agitado na Carmelitana.
As crianças ainda não se adaptaram aos novos costumes. Como ficar sempre dentro da sala, levar garrafas para beber água dentro da sala, ficar sem o intervalo no pátio, merendar dentro da sala, usar o banheiro dos professores que fica em outro local diferente do deles, enfim, muitos cuidados e medidas profiláticas geraram todas essas mudanças bruscas na dinâmica da escola.

A professora do 4° ano faltou então a turma ficou para mim e David, como a sala de música ainda está lotada de material, ficamos ali mesmo na sala deles.

Hoje seria o dia em que iriamos arrumar a sala e organizar algumas coisas e não daríamos aula de música, foi o que havíamos planejado na sexta-feira, mas com esse imprevisto acabamos pegando a turma.
Como David sempre comenta, precisamos estar preparados para tudo, em uma escola onde você se envolve em tudo e com todos. 
Desde quando comecei a trabalhar com o pessoal da Carmelitana compreendi que somos soldados prontos para a batalha e a nossa arma sempre é o saber e a nossa égide o prazer em lecionar.

Então começamos com a turma aplicando uma atividade de compreensão de texto e gramática, como sempre ressalto, é perceptível que algumas crianças ainda têm muitas dificuldades com leitura, nessa turma são poucas, mas fomos lendo juntos e devagar para tentar homogeneizar o curso da atividade, incluir os que tinham dificuldades e fazer com que todos compreendessem bem a atividade. Fui aos poucos de carteira em carteira ajudando as crianças nas suas dúvidas individuais, não houve problemas graves com a execução da atividade, apenas algumas confusões com plural e singular e alguns problemas de ortografia, onde pude aos poucos ir mostrando um meio e maneiras mais “corretas” de se escrever.
Em seguida aplicamos uma atividade de matemática, logo no inicio os educandos reclamaram por não saber identificar as horas em um relógio de ponteiro, já que a primeira questão era baseada em uma figura que mostrava um relógio marcando 11h35min. Peguei um piloto, fui ao quadro e paulatinamente fui mostrando como funciona o relógio, como identificar as horas a partir do ponteiro menor e com mais calma ainda como identificar os minutos com o ponteiro maior, pareceram entender. Foi quando Tiago e Rodrigo (trompete) chegaram, David havia ido resolver alguns problemas e então Tiago Levou Rodrigo para conhecer a escola, as turmas, as crianças, as professoras, as funcionarias e os funcionários. 

O 5° ano estava pegando fogo, pois as crianças estavam explodindo dentro da sala, a professora Paula já não aguentava mais, mas como sempre ela contornou a situação com maestria, deixei David na sala do 4° ano com a atividade de matemática e fui ajudar Paula no 5° ano, logo Rodrigo se chegou e eu o apresentei para a turma. Nesse meio tempo o pessoal da defesa civil chegou para fazer alguns cadastramentos do pessoal que ainda está abrigado na escola, sai da sala por um instante, deixando Paula e Rodrigo no 5°ano e Tiago e David no 4°, para perguntar como as coisas estavam caminhando a respeito dos abrigados, eles me explicaram que estavam ali para uma possibilidade de encaminhar para alguma outra casa as famílias que ali estavam e me garantiram que em uma semana tudo estará resolvido, coisa que só acredito vendo.
Professora Leticia me perguntou sobre a situação, expliquei o que eles me disseram, mas mesmo assim todos ainda estão desconfiados e esperando para ver acontecer.

Voltando para a sala, tendo em vista que Paula já havia tomado total controle sobre a turma, voltei com Rodrigo para o 4° ano, para corrigir a tal atividade de matemática, comecei a corrigir, mas desta vez contei com a grande ajuda de Tiago e Rodrigo que já chegou para trabalhar e então tudo foi mais fácil. Dando o horário, que agora é mais cedo, liberamos as turmas e então ficamos conversando até a hora de irmos embora. Todos nós fomos juntos e felizes para o ponto, onde o ônibus demorou quase uma hora inteira para chegar.     

domingo, 27 de novembro de 2011

Os Primeiros contatos com a escola

Observação do dia 24/11/2011 na escola Santa Barbara



Observei três turmas com perfis distintos.A sala do 3ª ano é uma turma pequena com alunos relativamente obedientes logo a colega Regiane conseguiu aplicar as atividades com certa facilidade, trabalhando a percepção, coordenação e através da repetição, a execução de ritmos feitos com as mãos e os pés, no final da aula foi feita uma roda, e aplicada a atividade dos copos, o colega Pedro chegou com uma sanfona que chamou muita atenção dos alunos, logo, fizeram algumas perguntas sobre o instrumento, e apreciaram a sonoridades e os diversos gênero pelo colega executado. A segunda turma a do 4ª ano, já era mais agitada, os alunos tinham idades diferentes, de 9 a 14 anos além de ter um numero de alunos muito maiores que a turma anterior, nessa sala não foi possível aplicar todas as atividades planejadas, pois estavam muito agitados, no entanto, quando os alunos começaram a cantar a música composta pela turma, houve uma maior interação, a sanfona também teve uma grande importância nessa aula ,pois a curiosidade dos alunos fez com que houvesse uma maior atenção. Pegamos o final da aula do 5ª ano, o professor Maurício me apresentou a turma, e o colega Pedro entrou com a sanfona dentro da capa, eles ficaram muito curiosos para saber que instrumento era o colega apresentou e falou sobre o instrumento, e a partir de um acorde dado começaram a cantar uma música sugerida por Pedro e outra que eles mesmos escolheram na hora.
Portanto, os primeiros contatos com a escola foi com certeza positivo, pois pude perceber na prática a necessidade do ensino de música para os estudantes. O contato com as turmas de perfis diferentes fez com que refletisse sobre a importância da sensibilidade do professor em perceber como agir em diversas situações na sala de aula, e assim podendo fazer com que possamos alcançar nossos objetivos, para que através da educação musical possamos transformar a sociedade em um lugar melhor.

Explorando os sons e a criatividade

Escola Santa Bárbara dia 17/11/2011

3º ano A

A aula foi iniciada com o professor Maurício perguntando o que tinha acontecido na aula passada. Uma aluna relatou que aprendeu a explorar sons com a percussão corporal na aula ministrada por Pedro e Ísis. Mauricio pediu que todos mostrassem juntos o ritmo da música que Ísis ensinou. Em seguida, o professor pediu que eles mostrassem o mesmo ritmo usando a percussão corporal. Uma aluna foi a frente mostrar como ela estava executando o ritmo, depois outra aluna mostrou outra forma de tocar o mesmo ritmo e Maurício pediu a um aluno que mostrasse como ele poderia tocar o ritmo e Luan acabou misturando as duas formas tocadas anteriormente pelas meninas. Ele conseguiu dividir as células rítmicas utilizando sons graves e agudos. Maurício perguntou o nome do ritmo tocado pelo bagunçaço e a turma não lembrou, ele disse que era o samba reggae e chamou dois alunos para apresentar esse ritmo com o copo e os alunos acabaram criando outro ritmo. Maurício pediu a Ísis que mostrasse o samba reggae no copo e em seguida colocou a música FORÇA E PUDOR para que a turma e escutasse acompanhada por Ísis que estava executando o ritmo com o copo. Logo depois, Maurício pediu que a turma cantasse a música TODO MENINO É UM REI ensinada por Ísis na aula passada enquanto ela tocava o ritmo com o copo. No começo foi difícil eles acompanharem Ísis ao mesmo tempo em que cantavam, mas depois eles conseguiram. Na penúltima atividade, ele dividiu a turma onde uma parte da turma iria executar a primeira parte do ritmo e a outra parte ficaria com a segunda parte do ritmo. Metade da turma ficou sendo auxiliada por Pedro e Ísis e a outra por mim e Maurício, ele executaram o ritmo utilizando a percussão corporal. Para finalizar a aula, Maurício colocou a música FORÇA E PUDOR para que a turma fizesse uma apreciação.


Ano C e E

Maurício iniciou a aula dando um sermão na turma devido a bagunça ocorrida na aula anterior. Depois , ele perguntou se a turma lembrava o conteúdo que ele estava trabalhando á algumas aulas e ele responderam que era a RIMA. Maurício então, deu uma aula sobre rima a pedido da professora que relatou que eles ainda não tinham de fato se apropriado do conteúdo. Após explicar sobre a rima, Maurício colocou uma música para a turma escutar e identificar as palavras que rimavam e eles ainda mostravam muitas dificuldades a identificação, mas uma aluno fez a identificação da rima nas frases:

Vixi como tem Zé, Zé de baixo Zé de riba

Desconjuro com tanto Zé, como tem Zé lá na Paraíba

Maurício desta vez colocou um RAP e pediu que eles identificassem novamente as palavras que rimavam e os alunos não conseguiam entender que o professor só queria as palavras que faziam a rima, eles sempre falavam a frase toda e não diziam onde se encontrava a rima. Maurício explicou a rima novamente. Em seguida, ele pediu a Ísis pra tocar no pandeiro um samba coco e pediu que a turma cantasse a música O QUE É QUE TA ESCRITO NA CAPA DO GIBI no ritmo que Ísis estava tocando. Depois ele pediu que a turma identificasse nessa música as rimas existentes e dessa vez ele fizeram a identificação imediata. Para finalizar a aula, O professor sugeriu que a turma criasse uma música com rimas, eles fizeram a composição que ficou assim:

1- A borboleta caiu no chão

2- E ficou batendo a asa

3- Ela bateu a asa no avião

4- Depois tomou uma pedrada

Uma variação da última frase:

5- E ficou toda despelada

Depois de uma votação a frase quatro foi substituída pela frase cinco que era a variação. Maurício mostrou a composição para a professora deles e ela gostou muito do resultado.


domingo, 20 de novembro de 2011

COMPOSIÇÃO

OBSERVAÇÃO DO DIA 17/11/11 NA ESCOLA SANTA BÁRBARA

3º ANO B

Maurício iniciou a aula perguntando à turma o que foi feito na aula anterior. Depois dos relatos, Maurício pediu para que todos executassem o ritmo do samba-reggae como quisessem e então batucaram nas carteiras e depois pediu para que eles executassem no corpo (surgiram três possibilidades). Em seguida o professor chamou um aluno e uma aluna para irem à mesa e utilizar o copo para executarem o ritmo. Os dois acabaram criando outro ritmo. Em seguida, Maurício me pediu para mostrar o samba-reggae com o copo. Mostrei e depois acompanhei a turma cantando “Todo menino é um rei”. Depois Maurício tocou no som a música “Força e pudor” e me pediu pra acompanhar tocando com o copo. A turma foi dividida em dois grupos e cada um ficou com uma parte do ritmo e, com nossa ajuda, tocaram o ritmo utilizando percussão corporal ao mesmo tempo em que cantavam a música “Todo menino é um rei”. Por último fizemos uma audição da música “força e pudor”.

3º ANO C e E

Depois que o professor conversou com a turma a respeito de comportamentos, ele fez uma revisão sobre rimas. Em seguida fizemos audição com várias músicas para serem identificadas as rimas. Ainda existe muita dificuldade na assimilação deste assunto. Uma das músicas que fizemos audição foi um coco. Maurício falou sobre o ritmo e depois me pediu para que eu tocasse no pandeiro e pediu que a turma escolhesse uma música que soubessem cantar para ser cantada no ritmo coco. Eles escolheram “O que é que está escrito” e adaptaram muito bem ao coco. Depois Maurício pediu para que eles sugerissem frases para formarmos um verso com quatro estrofes, sempre atentando para as rimas. Depois de pronto toquei o coco no pandeiro e eles cantaram o que compuseram:
a. A borboleta caiu no chão
b. E ficou batendo as asas
c. Bateu na asa do avião
d. E ficou toda despelada
Depois mostraram para a professora que os elogiou bastante.

UM DIA QUENTE

Aula no Colégio Santa Bárbara dia 10/11/11

Hoje, eu e o colega Pedro substituímos o professor Maurício nas aulas das turmas 3º Ano B 3º Ano C e E, 4º Ano A e 5º Ano A. Utilizamos dois planos de aula, o primeiro proposto por Pedro o qual aplicamos nas turmas do 3º ano e o segundo proposto por mim que foi desenvolvido nas turmas 4º e 5º anos. Cada turma respondeu de uma maneira diferente às mesmas atividades, o que nos deu uma noção de quantas possibilidades podemos explorar.

3º ANO B, C e E

Pedimos para todos arrumarem a sala de forma que liberasse o centro e depois fazerem um círculo (com o 3º ano B, que foi a primeira turma, iniciamos a aula com eles em pé e percebi que assim fica mais difícil conseguir manter o controle da mesma, pois a possibilidade de dispersão é maior quando se tem mais liberdade de movimentos, por isso iniciamos a aula com o 3º ano C e E pedindo para eles ficarem sentados no círculo e só depois ficamos de pé). Em seguida Pedro falou sobre a percussão corporal e fez demonstrações. Depois pediu para que cada um(a) propusesse um som corporal para que todos(as) repetissem (nas duas turmas este exercício funcionou bem, embora tivesse alguns desinteressados). Depois dividimos a turma em grupos (dividimos a primeira turma em quatro grupos e a segunda turma em dois grupos) e então Pedro ensinou uma célula rítmica do samba-reggae para cada grupo. A intenção era reger todos os grupos ao mesmo tempo formando uma orquestra de percussão corporal cantando uma música (com o 3º ano B não foi possível finalizar a atividade, eles estavam muito eufóricos ficando difícil a comunicação, por isso interrompemos a atividade e pedimos para que todos arrumassem as cadeiras voltando aos seus lugares e, como ainda faltavam 20’ para acabar a aula, perguntei a eles se conheciam alguma música de samba-reggae para podermos cantar e umas das alunas, que faz parte do grupo Bagunçaço, sugeriu “Todo menino é um rei” – canção composta por Nelson Rufino – e então escrevi no quadro parte da letra da música e tentamos juntar com o ritmo do samba-reggae, mas também não conseguimos finalizar a atividade, pois a mesma aluna que sugeriu esta música causou um transtorno enorme alegando que a letra estava errada e então tivemos que interromper mais uma vez a atividade para explicar à turma que podemos cantar a mesma música com várias versões, por isso não há nem certo nem errado).

Com o 3º ano C e E a aula fluiu de maneira mais produtiva. Dividimos a turma em dois grupos e ensinamos uma célula rítmica do samba-reggae pra cada um. Executamos a célula do repique com palmas estaladas em forma de estrela (sons mais agudos) combinadas com batida de pé e para a célula do surdo utilizamos batidas no peito que depois foram substituídas por palmas em forma de concha (sons mais graves). Associamos a célula do repique à frase pal-ma pé e a célula do surdo à frase to-ca o tam-bor para facilitar o entendimento do ritmo. Depois colocamos um grupo de frente ao outro formando duas fileiras e iniciamos um jogo espacial unindo-o ao ritmo trabalhado, sendo assim: os grupos se deslocam, um de encontro ao outro, e se cruzam ocupando os lugares opostos e depois deslocam voltando para seus lugares de origem. A ordem era manter o alinhamento lateral, assim despertando a percepção espacial. Depois fizemos outro jogo: mantendo a mesma formação, vai deslocando de dois em dois, um de cada grupo e de extremos opostos, em diagonal e cruzando no centro da sala voltando para suas respectivas filas se colocando sempre no final da mesma. Depois voltamos ao círculo e finalizamos a aula.

4º ANO A e 5º ANO A

Ao iniciarmos a aula pedimos para que todos afastassem as cadeiras liberando o centro da sala e em seguida formamos um círculo (com o 4º ano foi bem mais difícil) e enquanto Pedro organizava a turma eu escrevi no quadro a letra de uma música de domínio público, um coco:
1. Sobe no toco
2. Pega o coco
3. Tira o toco
4. Quebra o coco
5. Abre o coco
6. Pr’a gente coco comer
Dividimos a turma em seis grupos e cada um ficou responsável por uma estrofe (os alunos do grupo que ficou com a última estrofe reclamaram por ser mais difícil, isso nas duas turmas), então marcamos um pulso e determinamos dois tempos para cada um dos grupos falar sua frase. Depois fomos aumentando o andamento. Quando eles estavam mais seguros na música fiz um acompanhamento com o pandeiro. Nas duas turmas esta atividade foi bem sucedida, sendo que nos 5º ano tudo fluiu melhor, pois a dispersão foi menor surgindo até duas novas estrofes que nós incluímos imediatamente na música:
1. Sobe no toco
2. Pega o coco
3. Tira o toco
4. Quebra o coco
5. Abre o coco
6. Pr’a gente coco comer
7. Se não tem coco
8. Come o quê?
Finalizamos a aula tocando e cantando. Os alunos das duas turmas ficaram muito felizes com os resultados.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Vidas e Educação... Último lugar na lista de prioridades das autoridades (ir)responsáveis.

Olá pessoal!

Venho compartilhar um pouco da minha indignação referente a situação da Escola Carmelitana que reflete o descaso das autoridades com relação à educação e a vida dos cidadãos.
Como foi noticiado largamente, alguns dias atrás algumas famílias ficaram desabrigadas em virtude da forte chuva que caiu sobre a nossa cidade coincidentemente desde o início do horário de verão. Algumas das famílias foram alojadas nas dependências da escola Carmelitana, isto resultou numa interrupção abrupta das aulas na escola.
Situações como esta relacionadas a um nível elevado de chuva não são incomuns em Salvador, não é a primeira vez que isto acontece, o que nos leva a pensar que algo preventivo deveria ter sido feito. Algum lugar para as famílias desabrigadas já deveria ser previsto para momentos como este, bem como programas eficazes de moradia que visam mudar as pessoas que vivem nas áreas de risco. Mesmo nos tempos de sol escaldante estas providências deveriam ser tomadas para que não fosse necessário "tapar um buraco destapando outro", como está acontecendo na nossa escola. Nossas crianças que já estão sujeitas as deficiências do ensino público (apesar dos esforços da comunidade Carmelitana em proporcionar uma educação de qualidade), foram obrigadas a terem suas aulas suspensas por tempo indeterminado, forçando os professores a planejarem malabarismos futuros para equilibrar a situação. Mas alguns dos nossos governantes insistem em deixar suas mentes cauterizadas pelo sol do verão e os corações congelados pelas baixas temperaturas do inverno, demonstrando sua total falta de responsabilidade e de preocupação com a vida das pessoas. Sei que tudo isto é "chover no molhado", mas me sinto melhor em desabafar e compartilhar a minha insatisfação.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Lá ele...

3º ano C

Chegamos eu e ísis na aula e Maurício estava trabalhando as rimas. Os meninos têm dificuldade em abstrair o sentido e se fixarem no som da palavra. Segundo Maurício, eles têm uma ideia pejorativa do ato de rimar, acredito que em função da mania soteropolitana de sexualizar determinados sons.
Após a parte expositiva, Maurício tocou a música “Arre Burrinho”, já apresentada aos meninos em outra aula. Ela utiliza locais de Portugal para as rimas.
Depois de escrever as rimas da música no quadro, ele pediu uma palavra que rimasse com cada dupla do quadro. Nessa atividade os meninos não tiveram tanta dificuldade. Depois de ouvirem a música, eles associaram melhor os sons.
Maurício colocou outra música, que falava de uma velha que tinha nove filhas e todas foram morrendo, não sem antes rimarem o motivo da morte ao número de filhas restantes. As rimas são em relação ao próximo número. As dos meninos foram essas:

9 – Rosto
8 – Omelete
7 – Inglês
6 – Cinto
5 – Quadrado
4 – Chinês
3 – Perua
2 – Lua
1 – Nua
Nenhuma

5º ano A

Maurício formou uma roda e todos ficaram de pé. Tocou “Fome Come” e pediu que todos batessem os pés no tempo forte. Em seguida, ao invés de baterem os pés, os meninos davam um passo para a direita. Depois cada um ia batendo os pés na cabeça de tempo, um de cada vez. A outra variação foi essa:

A grande maioria não teve dificuldade em fazer o ritmo. Alguns antecipavam os pés, mas atrasavam as palmas para compensar. Todos, então, sentaram e fizeram o mesmo ritmo anterior, mas passando o copo e batendo as palmas. Depois de algumas voltas, Maurício adicionou um copo e todos se atrapalharam, mas não tiveram dificuldade da segunda vez.
O próximo passo foi todos ficarem com copos, primeiro fazendo o ritmo com os copos no lugar para depois passarem para o colega do lado. Quando começou a embolar, Maurício parou e mandou passarem os copos apensa ao comando dele. Precisaram algumas rodadas para os meninos entenderem que era preciso esperar, mas tudo funcionou no final.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

I Seminário Interno do PIBID Música da UFBA e UFS

PROGRAMAÇÃO


01 de novembro de 2011
17:00-18:00 Abertura e Apresentação PIBID Música UFBa e UFS - Flavia Candusso, Rejane Harder   e  Maurício Dória
18:00-19:15 Comunicações Bolsistas Ufba
19:15-19:30 Intervalo
19:30-21:00 Comunicações Bolsistas UFS

02 de novembro de 2011
09:00-12:00 Comunicações Bolsistas UFS e Oficina de Métodos Ativos
12:00-14:00 Pausa almoço
14:00-17:00 Oficinas ministradas pelos bolsistas: Percussão Corporal, Dança e Jogos de Copos
17:00-17:30 Encerramento





domingo, 30 de outubro de 2011

Crescimentos

OBSERVAÇÕES DO DIA 27/10 NA ESCOLA SANTA BÁRBARA

3º ANO C e E

O professor deu continuidade à atividade da aula passada, de identificar as rimas nas músicas apreciadas. Desta vez a turma apreciou quatro músicas com ritmos diferentes (um coco, um rap, um samba e uma peça de coral) os quais a mesma conseguiu distinguir. Depois a turma fez uma apreciação de um poema em áudio e foram identificadas as rimas na mesma.

Depois trabalhamos a versão que foi criada na aula passada em ritmo de coco onde toquei o pandeiro para eles cantar. Esta aula foi muito produtiva.

4º ANO A

A aula foi iniciada com a turma cantando a música de sua autoria junto com o professor Maurício – Reduzir, reutilizar e reciclar para o mundo melhorar. Maurício tocou o violão e disponibilizou alguns instrumentos percussivos para os alunos tocar e então eles foram revezando. Enquanto uns tocavam os outros cantavam (gritando). Cada um tocou do jeito que quis. Isso foi bom pra percebermos as dificuldades deles e buscarmos soluções para estas. Tudo foi bastante barulhento, pois eles estavam tocando e cantando muito forte. Acredito que um trabalho com canto coral melhore consideravelmente essa questão. Tocamos algumas vezes e, em determinado momento, a vice-diretora entrou na sala para dar um aviso sobre um mutirão que acontecerá no próximo dia 01 para realizar a limpeza da escola o qual terá a participação dos pais. A aula foi finalizada, mas os alunos ficaram muito eufóricos com os instrumentos.

5º ANO A

Começamos formando duas rodas. Pedro ficou em uma e eu fiquei na outra para auxiliarmos os alunos na atividade a ser desenvolvida. Repetimos a atividade da aula passada utilizando o movimento corporal. Depois formamos uma roda só e Maurício acrescentou mais uma parte do ritmo da música ‘fome come’, que foi realizada sem grandes dificuldades. Em seguida sentamos no chão, ainda em círculo, e executamos o mesmo exercício utilizando copos. Sempre quando colocamos os copos as dificuldades aparecem e aí temos que regredir um pouco. No final estavam todos realizando bem o ritmo. É bastante perceptível o crescimento musical desta turma.

Criatividade, atenção e concentração

OBSERVAÇÕES DO DIA 20/10 NA ESCOLA SANTA BÁRBARA

3º ANO C e E

Quando cheguei à aula o professor Maurício estava realizando uma atividade cujo objetivo era identificar as rimas nas músicas apreciadas. O objetivo final destas atividades é fazer com que a turma entenda a estrutura de uma poesia.

A primeira música apreciada foi a do burrinho a qual a turma foi identificando as rimas através dos sons parecidos entre as palavras:

  • v Loulé – café
  • v Estremoz – arroz
  • v Ildanha – castanha
  • v Melgaço – bagaço
  • v Guarda – mostarda
  • v Portel – papel

Em seguida o professor pediu à turma que falassem outras palavras que rimassem com as mesmas que têm na música, como: loulé – café – filé.

Depois fizemos uma audição com outra música, no primeiro momento completa depois pausada para que a turma fosse identificando as rimas. Com base nesta mesma música a turma criou sua própria versão encontrando palavras que rimam com os números, ficando assim:

  • v Era uma turma que tinha nove filhas que foram lavar o rosto, deu um tangolomango numa delas e das nove ficaram oito.
  • v Era uma turma que tinha oito filhas que foram fazer omelete, deu um tangolomango numa delas e das oito ficaram sete.
  • v ...estudar inglês, ...das sete ficaram seis.
  • v ...comprar um cinto, ...das seis ficaram cinco.
  • v ...brincar num quadrado, ...das cinco ficaram quatro.
  • v ...falar chinês, ...das quatro ficaram três.
  • v ...foram caçar uma perua, ...das três ficaram duas.
  • v ...foram apreciar a lua, ...das duas ficou só uma.
  • v ...que saiu correndo nua, ...dessa uma ficou nenhuma.

Antes de realizar essas atividades Maurício teve de fazer uma revisão sobre o significado de palavra e de frase (conteúdo da disciplina português). Mais uma prova de que as aulas de música contribuem significativamente com a construção do conhecimento desses alunos.

5º ANO A

Os alunos formaram um círculo no centro da sala depois de arrumarem as cadeiras em volta e então a aula foi iniciada com uma audição da música ‘Fome come’. Maurício pediu para a turma marcar o tempo forte da música batendo o pé direito no chão, inicialmente sem deslocar e depois deslocando para o lado fazendo assim a roda girar. Depois repetiram o mesmo exercício sem deslocar sendo um de cada vez (cada um marcando um tempo). Em seguida Maurício acrescentou duas palmas que vem logo depois da marcação do tempo forte, formando assim parte do ritmo executado na música ‘fome come’. Depois de treinarem bastante com o corpo eles sentaram em círculo e executaram o ritmo utilizando copos passando os mesmos um pro outro no lugar da marcação com os pés. Fizeram sem dificuldades. Primeiro utilizaram um copo apenas onde cada um executava o ritmo uma vez e passava o copo em seguida, depois Maurício distribuiu os copos para todos realizarem a atividade juntos. Inicialmente foi um caos total por conta da falta de atenção de alguns alunos e alunas. Depois de treinar bastante, todos executaram o ritmo junto com a música que Maurício colocou pra tocar no som.

Concentração é a palavra chave para o sucesso de uma atividade como esta.


Comentários ao post de Tiago e Maurício sobre a conversa com a profa. Letícia e dona Raimunda

Gente, que relato maravilhoso!
Resolvi escrever aqui porque o espaço destinado aos comentários ia ficar pequeno ...

Fiquei muito feliz que vcs tiveram este encontro tanto com a profa. Letícia como com a dona Raimunda!
Quantas informações valiosas e quanta humanidade que transpira pelas suas palavras!
Precisamos humanizar a escola e para humanizar a escola precisamos ter relações sinceras com os moradores da área ... percorrer as ruas dando bom dia para Dona Raimunda, para seu Antenor, seu Zé, dona Maria ...
E eles darem o bom dia, sabendo o nome de vcs, da gente.

E mesmo sabendo que esta conquista é uma construção ao longo do tempo, pois a confiança da comunidade obviamente não é imediata ... o resultado é quase matemático: uma vez que a escola se abre com sinceridade e honestidade, a comunidade abraça ...
E acho que a comunidade abraça quando sente que o sentimento é verdadeiro, que a relação que se pretende construir é horizontal, de parceria, não movida a interesses pontuais.

Enfim, é preciso que esta experiência contagie outras escolas.

E nós educadores não podemos pensar de entrar e sair dos muros das escolas ignorando o que acontece no entorno, sem conhecer quem mora lá. Como podemos dialogar de verdade com as crianças se de fato a gente nem quer saber nada da vida delas? Saber da vida delas implica em muitos casos conhecer, se envolver com um monte de problemas ... esquecendo também as coisas boas que acontecem na vida, que poderiam ser celebradas juntos.

Fico feliz me em ler este relato, porque confirma meu ideal de educador/a inserido/a no contexto no qual trabalha. Ele/a pode não morar na comunidade, não dormir lá, mas se sentir em casa quando estiver circulando pelas suas ruas.

Minha grande questão é ... será que é tão um caso quando eu trato o outro como marginal e o outro, de reflexo, se comporta como marginal? Será que todo mundo é marginal mesmo? Eu não quero acreditar nisso. Não quero mesmo!
Não será que tendo uma atitude positiva, confiante em relação ao outro, o outro se sentindo respeitado se comportaria de outra maneira?
As palavras de dona Raimunda deixam bem claro este aspecto.

Enfim ... sei que não posso simplificar, sei que a realidade é complicada mesmo, mas acho que muitas vezes as respostas que recebemos em termos de comportamento são reflexos e dependem MUITO de nossas atitudes. Então, como sempre, tudo começa por nós mesmos, nossas atitudes, nossa maneira de ser. Vamos aprendendo e vamos nos tornando pessoas melhores.

Espero que alguém continue comentando ...

Carmelitana ontem e hoje! D. Raimunda, uma voz na comunidade!


Na segunda feira, dia 24/10, eu e Maurício fomos até ao Carmelitana no intuito de tirarmos fotos, tanto da comunidade quanto da escola, para produzirmos os slides para os seminários. Além disso, iríamos coletar algumas informações com a diretora Letícia de como se processa a relação escola-comunidade, lá.

Cheguei por volta das 15:00h, Davi mais Maurício e Laércio tinham acabado de dar aula para o 5º ano e iriam pegar mais uma turma, que se não me engano, era do Mais Educação. A aula transcorreu muito bem e pude colaborar um pouco nas atividades. Logo em seguida, iríamos começar a coletar as fotos. É bem verdade que estávamos receosos de sair tirando fotos pelas ruas, pois, primeiro, não sabíamos como seria a reação da comunidade caso visse dois homens desconhecidos tirando fotos da região, e para piorar, ainda era feriado dos comerciários e as ruas estavam todas muito desertas. Enfim, decidimos coletar algumas fotos internas, e no caso, tirar algumas fotos da fachada da escola, apenas. Entretanto, antes, optamos por conversar com a professora Letícia, pois todos estavam meio agoniados para terminar as atividades do dia, considerando que muitos imprevistos estavam acontecendo – normal. No meio tempo, enquanto aguardávamos a professora, coletamos algumas fotos bem interessantes. Após uma certa espera fomos simpaticamente atendidos, daí vieram as maiores surpresas do dia.

Carmelitana ontem e hoje

Expliquei a professora o porquê estávamos precisando daquelas informações, falei dos seminários e também das fotos que tínhamos tirado. Ela com um sorriso nos indagou em quê ela poderia nos ajudar. Fui logo ao ponto e perguntei: - Professora, como a comunidade vê hoje a escola Carmelitana do Menino Jesus? Ela nos respondeu que, hoje, a relação da comunidade com a escola está sendo boa, está sendo mais afetuosa, que existe um respeito recíproco, porém, ela disse que tudo já foi muito difícil e que isso está sendo uma conquista de tempo. Nesse ponto, ela nos falou que a escola se encontra em uma área de risco, entre a “maloca” e o “gueto” - palavras dela. Confesso fiquei um pouco confuso em entender qual era a diferença da maloca e do gueto, pois não vivi essa realidade. Ela nos explicou que a maloca é uma espécie de invasão, é mais ou menos como se fosse os excluídos dos excluídos. Que é o lugar onde é “barra pesada”. Onde as famílias são mais desestruturadas. E por aí vai. Logo me lembrei da maloca, a pequena invasão que fica em baixo do Viaduto dos Motoristas, ela ainda nos salientou que alguns alunos são de lá. Já o gueto é a comunidade em si, é a área mais interna do bairro, onde as minorias se concentraram e onde existe uma certa “legalidade”. Consegui então fazer distinção entre uma e outra. Esse diagnóstico da localidade serve de parâmetro para entendermos qual é o público que freqüenta a escola; alunos, famílias e funcionários – lembrando que não está sendo feito aqui nenhum juízo de valor. Ela ainda nos contou casos de vandalismo que aconteceram, mas que não podemos inferir como um reflexo de quem é a comunidade. Foram fatos isolados. Quando nos demos conta, já ia dar 17:00h e estávamos com pressa por causa do feriado. Decidimos parar por ali, pois já tínhamos consideráveis informações. Foi aí que veio a maior surpresa.

D. Raimunda

Quando estávamos já na rua ela nos sugeriu: - Por que vocês não passam na casa de D. Raimunda? Fiquei surpreso porque D. Raimunda é sempre muito ocupada e não achei que iríamos conseguir encontrá-la em casa, mas ela estava. Fomos muito bem atendidos, não podíamos perder a oportunidade de falar com uma representante legítima da comunidade e muito respeitada. A professora Letícia mais Davi seguiram para o ponto de ônibus, enquanto eu e Maurício fomos convidados a adentrar na residência. Ela nos atendeu com um sorriso estonteante, muito alegre e vaidosa, e já foi falando: -“Tô achando uma maravilha o trabalho de vocês!” Agradecemos e mais uma vez expliquei o motivo da nossa presença. Repeti a pergunta que fiz a Letícia e ela ratificou tudo. Ela falou que hoje a comunidade respeita a escola, gosta da Carmelitana, que os comentários que se tem ouvido é de que no próximo ano as mães irão matricular seus filhos lá. Ela elogiou muito a professora Letícia, disse que ela está fazendo um trabalho maravilhoso. Daí, perguntei qual era diferença que ela encontrava nas gestões passadas e dessa agora. Ela falou que antes a escola era fechada, que não existia um compromisso dos educadores com as crianças, que eles chegavam com seus carros e depois saíam sem ninguém ver. Nesse ponto ela começou a fazer uma retrospectiva da Escola Carmelitana do Menino Jesus. Ela disse que mais ou menos a 46 anos atrás, a Irmã Suzane, uma irmã da Ordem das Carmelitanas, construiu uma associação naquela região, onde hoje se encontra a outra escola Carmelitana. D. Raimunda nos disse que aquela região era só mangue, e devido à escassez de alimentos como: leite, óleo, fubá de milho, esta irmã trazia dos Estados Unidos e distribuía na comunidade. Esta associação com o passar do tempo se transformou numa escola, no entanto, a Irmã Suzane começou a fechar para um grupo, apenas aqueles que ela queria tinham acesso à escola. A Irmã meio que quis tomar conta daquela região, até o campo de futebol, segundo D. Raimunda, ela queria tomar para si. Não consegui entrar nos detalhes, como o porque da irmã fechar para um grupo, esse grupo será que tinha que ter relação com a Igreja? A história estava muito empolgante. Continuando, com isso a comunidade começou a se revoltar, e sendo assim, começou a construir uma outra escola do outro lado do campo. A que hoje se chama Carmelitana do Menino Jesus. D. Raimunda nos disse que as pessoas de parte com a irmã construíam a escola de dia e à noite a população, junto com a própria D. Raimunda derrubava, ressaltou ela que até hoje tem o nome na justiça por ato de vandalismo. Com muito esforço a escola foi erguida, e após um tempo entregue ao Estado. Depois disso, ela comentou que veio o período de recessão da ditadura militar, e a escola se isolou completamente da comunidade, até praticamente outro dia voltar a abrir as suas portas. Enfatizou também que este ano, com Letícia, a escola está diferente. Ela usou frases como: - “Agora é uma escola!”, algo que nos emocionou bastante foi quando ela falou: - “hoje, temos educadores comprometidos com os menos favorecidos!” Mesmo que seja uma centelha em meio à imensidão, já vale à pena quando se escuta algo como isso. Ela falou que a escola já foi ponto de drogas, prostituição, que não tinham vigilantes da comunidade, e que isso para ela favorecia aos casos de vandalismo. Lembrei que quando Letícia falou dos casos de vandalismo ela disse que o vigilante não era da área. Tudo foi meio que confirmado pelas palavras de D. Raimunda. Hoje, até a filha dela, de forma voluntária, dá aula de reforço na leitura e escrita às crianças da escola. Então, essas e outras medidas fazem a diferença. A comunidade quer e precisa se sentir parte integrante e ativa da escola. A escola precisa colocar a cara na rua, e também, trazer a comunidade para dentro dela. Projetos e propostas que incluam os saberes de fora com os de dentro constroem uma relação forte e confiante.

Saímos quase por volta das 18:30h, muito satisfeitos.

Ps:. Relato produzido por Tiago Monteiro e Maurício Freitas.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Pulsação

Acolhida com oração e o Hino da bahia 2 e 3 anos
O professor começa a aula explicando o que é uma banda e que na escola vai ser criada uma.
Na sala de aula tem vários instrumentos e são mostrados aos alunos para eles identificarem. São os instrumentos: tambor, caixa, agôgo, pandeiro,chocalho e clavas. São distribuidas as clavas para às crianças e elas experimentam tocando. Agora são apresentadas as figuras de valor: minima, seminima e colcheia.
De dois em dois os alunos tocam oritmo no tambor e outra aluna recebe o agôgo e eles executam uma célula rítmica.
O professor Davi explica o que é pulso dando como exemplo os batimentos do coração e pede que os alunos toquem na mesa o pulsar do coração. Depois os pés batema mesma pulsação. Batendo palmas respectivamente para cada pé e uma palma para dois pés. Está sendo trabalhada a poliritmia. As crianças tocam em conjunto criando a atitude de grupo respeitando o direito do outro. A atividade também concentra e motiva melhorando a auto-estima.

domingo, 16 de outubro de 2011

SAMBA REGGAE + BAGUNÇAÇO = IDENTIFICAÇÃO TOTAL

Escola Santa Bábara dia 13/10/11
O professor Maurício iniciou a aula como sempre faz perguntando aos alunos o que eles lembravam da aula passada, aos poucos as crianças foram lembrando, eles não conseguiam pronunciar corretamente os nomes dos ritmos a eles apresentados, mas, fizeram a identificação principalmente com o SAMBA REGGAE que é um ritmo presente no grupo BAGUNÇAÇO que atua lá na comunidade do Uruguai. Como já estávamos todos sentados na roda no meio da sala, Maurício então passou os copos para todos e pediu que eu e Ísis mostrássemos novamente o ritmo do SAMBA REGGAE para a turma. Na primeira parte da atividade, Eu mostrei a primeira parte do ritmo para que todos repetissem logo, observei algumas dificuldades e Ísis sugeriu que todos repetissem o ritmo com a boca para depois passar pro copo. Isso facilitou a assimilação da turma. Em seguida, já assimiladas as duas partes do ritmo, o professor transformou a roda em duas fileiras, uma de frente para a outra onde, uma fileira executaria a primeira parte do ritmo e a outra executaria a segunda parte do ritmo formando uma espécie de resposta. Aí percebi novamente a dificuldade da turma em executar as duas parte do ritmo. Sugeri então ao professor que fizesse igual à primeira parte onde Ísis sugeriu que fizessem o ritmo com a boca. Repetimos diversas vezes o ritmo completo até que a maioria compreendeu. Para finalizar, o professor Maurício escolheu uma aluna e um aluno para executar o ritmo para que a turma observasse e depois ele formou grupos de quatro alunos aonde cada grupo ia à frente da sala mostra o que aprenderam. Percebi a satisfação dos alunos principalmente por que o ritmo escolhido para ser trabalhado é um ritmo que faz parte do cotidiano deles, eles se identificam, se desenvolvem musicalmente, mostrando para nós, futuros educadores a importância do ensino de música musicalmente (que considera a bagagem musical que o aluno traz) como é proposto por SWANWICK.

sábado, 15 de outubro de 2011

Quando nos identificamos com o conteúdo...

Observação do dia 13/10/11 na Escola Municipal Santa Bárbara

Pude constatar, com esta atividade de hoje, que o fato dessas crianças conviverem com este ritmo, dentre outros, que faz parte de nossa cultura popular soteropolitana, contribuiu para o aprendizado mais dinâmico do jogo com copos que propusemos nesta aula, pois este é um ritmo que já está internalizado por elas. A cultura popular está, inevitavelmente, presente nos processos de ensino-aprendizagem todo o tempo, e cabe a nós educadores fazer um bom proveito disso.

O professor Maurício iniciou a aula perguntando à turma se eles e elas lembravam da conversa que tivemos na aula passada e depois de alguns estímulos, lembraram que tínhamos falado e mostrado os ritmos samba-reggae e ijexá. Em seguida o professor pediu para que todos sentassem no chão e em círculo e então distribuiu copos para a turma inteira. Regiane e eu mostramos novamente o ritmo samba-reggae e Maurício pediu pra que nós dividíssemos este em duas partes para ensinar à turma. Percebi a dificuldade em assimilarem o ritmo, daí pedi pra que todos(as) cantassem o mesmo pra depois tocarem enquanto cantam. Assim ficou mais fluente a aprendizagem, pois ao cantarem o ritmo eles(as) internalizaram o mesmo com mais facilidade. Depois de assimiladas as duas partes do ritmo, Maurício pediu que formassem duas fileiras, dispondo uma de frente à outra, e então um grupo executaria a primeira parte e o outro grupo a segunda parte, o que foi difícil, pois a turma não havia feito ainda a junção das duas partes do ritmo, por isso eles(as) não sabiam como dar continuidade. Então Maurício pediu pra que executassem o ritmo completo, e aí repetimos muitas vezes. Passadas algumas repetições, escolhemos um aluno e uma aluna, que estavam executando o ritmo com bastante fluência, e os colocamos à mesa para realizarem o jogo com copos, depois demos vez aos outros alunos e alunas formando grupos de quatro. A aula foi finalizada após este exercício.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Aula difícil 28/10

Este foi um dia difícil.

Ao chegar à escola fiquei sabendo de alguns problemas que estavam ocorrendo naquele tarde. Primeiro, Davi não se encontrava na escola devido aquelas questões judiciais. Segundo, a turma do 3º ano, na qual tinha preparado todo o meu plano de aula, tinha sido liberada, pois, a professora estava de licença médica. Nisso, todo o meu plano foi por água abaixo. Terceiro, a turma do Mais Educação estava na sala de artes. E quarto, a do 2º ano não tinha chegado ainda. Resumindo, teria que ficar com toda a turma do 2º ano e em uma outra sala, que não a de música. Fiquei um pouco apreensivo, pois, não sabia se o que eu tinha preparado para o 3º ano iria funcionar bem com o 2º, além do que, precisava utilizar o som. Conversei com a pró Letícia, e para amenizar um pouco a minha situação ela conseguiu transeferir a turma do Mais Educação para uma outra sala.

2º Ano

Preparei uma atividade de integração mas vi que eles não respoderam bem a mesma. Não sei se pelo cansaço da repetição, não sei se por uma má abordagem minha, percebi que eles acharam muito infantil a atividade que levei. Era recorrente ouvir: - Professor, eu quero fazer dever. Alguns relutaram em participar. Outros estavam desejosos em participar, entretanto, havia o contagio do desânimo dos demais. Fiz a canção "A caminho de Viseu", a mesma que fizemos naquele AC que participamos. Enfim, tive que parar diversas veses, pedir para que voltassem às cadeiras, tive que dar bronca, achei extremamente desgastante uma atividade na qual tinha colocado uma boa expectativa. Para então, equilibrar o "desastre" que tinha sido a primeira atividade, já que tinha preparado uma atividade com as notas musicais, decidi fazer com eles, - a pró Letícia pediu que eu ficasse com eles até a hora do recreio, de 13:30h até às 15:00h. O objetivo era ensinar a eles o nome das 7 principais notas. Fiz uma pirâmide no quadro, onde cada degrau correspondia a uma nota. Cada nota vinha com o seu número correspondente. A escala subia e descia dentro do desenho da pirâmide. Cantei uma canção para que eles automatizassem melhor o nome de cada uma. Pedi que eles cantassem junto comigo. Em seguida havia preparado exercícios para que eles fizessem. Coloquei dez pirâmides incompletas numa folha de papel, para que eles completassem, tanto com o nome das notas quanto com o número. Interessante foi perceber que eles se amarraram em fazer essa atividade. Pus uma música bem tranquila de fundo, descansei a voz e dexei eles lá pensando e fazendo o exercício. Daí fui até o fim da aula, sendo que, alguns não conseguiram concluir a tempo. Os que concluiram fizeram praticamente tudo certo. Ia auxiliando eles nas dúvidas.

Mais Educação

Após o recreio, como a turma do 3º ano tinha sido liberada, perguntei a pró Letícia se haveria algo em que poderia ajudar. Ela disse que não era pra eu me preocupar. Porém, vi que toda ajuda que eles tivessem naquele dia seria bem vinda. Me propus a pegar qualquer outra turma que necessitassem. Então, como a turma do Mais Educação estava já liberada da aula, porém, ainda se encontrava na escola peguei todos eles para fazerem aula de música. Tinham crianças do 3º, do 4º e do 5º ano. Tive realmente que buscar um improviso, pois, não iria aplicar o meu plano de trabalho com crianças que mal conhecia. Iniciei me apresentando, perguntei se alguns deles me conheciam, e para minha surpresa na sua maioria disseram que sim. Aí, pedi que cada um se apresentasse, dissesse o seu nome e a turma. E além disso, falasse de que tipo de música mais gostava. O Hip-Hop foi o campeão de predileção. Depois fiz uma atividade de auto-apresentação com a canção "Passe a Bola", onde em roda todos cantam a canção e aquele que ficar com a bola ao final tem que cantar seu nome. Sugeri que eles fizessem o nome no estilo de música do qual eles tiha dito que mais gostavam. Essa parte foi muito divertida. Após essa atividade, ao final, como estava com o violão, cantei com eles músicas que eles tinham sugeridos. Chamei-os a frente, formei grupos, e nos apresentamos. Teve Luan Santana, música gospel e até Leoni. Foi muito legal também.

Essa foi a tarde!

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

1ª COMPOSIÇÃO

ESCOLA CARMELITANA DO MENINO JESUS

28 DE SETEMBRO DE 2011

Cheguei à escola e acompanhei a acolhida, logo após chegou Síndara, licenciando em música da UFBA que iria observar minha aula, expliquei a ela em poucas palavras o plano de aula e enquanto explicava vi que teria um pouco de dificuldade de colocar o plano em ação. Davi não estava na escola devido ao seu compromisso com a justiça e o seu armário estava trancado o que me impossibilitou de usar os instrumentos que havia planejado. Adaptei instantaneamente o plano as possibilidades e dei inicio a aula.

Começamos cantando a escala de dó escrita na pauta, como estava meio rouco, não pude servir como referencia de afinação para os educandos, o que provocou uma maior desafinação na turma. Repeti o exercício mais algumas vezes para que a turma se acostumasse com a sonoridade, mas como estava sem uma nota referência não levei a atividade por muito tempo.

Passamos então a composição, todos começaram a sugerir idéias e se envolveram bastante com a atividade. No fim tínhamos duas letras (uma de cada turma), a saber:

Turma I

Dó apenas um amigo só

Ré eu bato no meu pé

Mi eu falo assim

Fá eu durmo no sofá

Sol combina com verão

Lá é fácil de escutar

Si eu preciso ir ali

Turma II

Dó eu danço com minha vó

Ré eu quero ficar em pé

Mi você vai dormir

Fá eu quero só falar

Sol amigo do forró

Lá eu quero é viajar

Si eu quero é ir ali

Peguei o pandeiro porque eles decidiram que o ritmo da música seria pagode. Todos se animaram mais ainda quando viram o instrumento. Prometi que todos tocariam o pandeiro se eles se comportassem. Cantamos a música algumas vezes e durante a execução já foi possível perceber uma melhora na entonação dos educandos. Cantando a composição feita por eles, os educandos vão se acostumando com a entonação das alturas de maneira lúdica e significativa.

Antes aula terminar ainda imitamos o sons do pandeiro com a boca, depois tocamos com o corpo, para enfim cada um tocar no pandeiro o que tínhamos aprendido.

Depois dessa aula ficou bem claro como devo continuar as aulas, a idéia agora é continuar reproduzindo células rítmicas inicialmente dos instrumentos do pagode (para munir os educandos das competências necessárias para participar da banda rítmica do educador Davi), continuar aprendendo a entonação das notas e relacioná-la com os conteúdos de duração aprendidos, tudo isso contextualizado nas músicas que estamos aprendendo e compondo.

Até a próxima.

Quem é que manda!

RELATO DA OBSERVAÇÃO FEITA NO DIA 29/09/11 NA ESCOLA SANTA BÁRBARA:

Surgiu uma discussão muito interessante em torno do pagode baiano, o tipo de música que é exageradamente consumida pela população baiana a partir da massificação da mídia radiofônica e televisiva dentre outros meios. Com a turma do 3º ano C e E.
Maurício: "por quê vocês gostam dessa música?"
Turma: "porque nós somos jovens e porque faz sucesso"
Maurício: "por que faz sucesso?"
Turma: "porque toca na rádio, no bocão, no celular, no carro..."
Maurício: "mas vocês ouvem só esse tipo de música porque escolhem ou porque alguém escolhe pra vocês?"
Turma: "porque é só o que toca na rádio"
Maurício: "e quem é que bota pra tocar na rádio?"
Turma: "o locutor"
Maurício: "e quem manda o locutor tocar a música na rádio?"
Turma: "o empresário"
Maurício: "por que o empresário manda tocar esse tipo de música na rádio?"
Turma: "porque ele quer ganhar dinheiro"
Maurício: "se ele quer ganhar dinheiro ele vai mandar tocar muitas vezes ou poucas vezes?"
Turma: "muitas vezes"
Maurício: "vocês gostam mais das músicas que tocam poucas vezes ou muitas vezes?"
Turma: "muitas vezes"
Maurício: "e toda música que toca na rádio é boa?"
Turma: "não, nem todas"
Maurício: "a música que o Bagunçasso toca é boa ou ruim"
Turma: "é boa!"
Maurício: "e por que a música do Bagunçasso não toca na rádio, se ela é boa?"
O relato que estou fazendo desta conversa é apenas um resumo dos questionamentos e das respostas que se sucederam. Acredito muito na inteligência de nossas crianças e na capacidade de distinguir e reconhecer as coisas boas que nos são oferecidas, e esta conversa foi a prova disto. O que falta, na realidade, é que aconteçam mais debates como estes pra que elas sejam aguçadas a analisarem a qualidade do que elas consomem e possam escolher se querem ou não continuar consumindo. Entender também que elas são livres pra escolherem o que querem consumir, e pra que ocorra essa escolha é preciso que elas tenham a oportunidade de conhecerem outros produtos. Aí entra a nossa atuação enquanto educadores musicais: apresentar outros estilos musicais e fazer com que elas se apropriem dos mesmos e provocar este tipo de discussão relatado acima, dentre outro caminhos.

DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES:

TURMA:3ºANO B

A turma cantou a música da bolinha de sabão depois repetiu com boca chiusa e depois com la, la, la. Cantando destas duas últimas formas eles tiveram dificuldades de cantarem a melodia, pois já estão acostumados com a associação da melodia com a letra da música.
Depois Maurício tocou no violão a música "Quê que tá escrito" e a turma acompanhou cantando com bastante euforia batucando nas carteiras e dançando (o que é inevitável).
Em seguida Regiane e eu demonstramos dois jogos com copos criados pelo grupo de estudos: o ijexá e o samba-reggae. Depois falei um pouco sobre os ritmos, mas antes Maurício perguntou à turma se eles conheciam estes e quais músicas utilizam os mesmos e ninguém soube responder nem mesmo sobre o samba-reggae. Alguns chutaram que eram ritmos da capoeira.
Maurício colocou pra tocar no aparelho de som uma música que utiliza o ritmo ijexá para demonstrar à turma.
Quando demonstramos o ritmo ijexá pela primeira vez, Maurício pediu para a turma dançar e alguns dançaram como se fosse hap.

TURMA: 3º ANO C e E

A aula foi iniciada com a turma cantando a música da preguiça.
Depois Maurício iniciou uma conversa sobre poluição sonora e foi destrinchando o assunto falando sobre massa sonora, volume, intensidade, os efeitos dessas massas sonoras, propagação do som... tudo isso pra chamar a atenção para o silêncio frisando a importância do mesmo para a saúde auditiva. Acho que a abordagem deste tema estimulou a turma a fazer silêncio.
Depois Maurício tocou no violão uma canção bastante calma e a turma cantou.
Dando continuidade à aula, Maurício falou sobre o hap e depois fizemos uma audição. Ao ouvir este tipo de música os corpos já se movimentam no estilo hip hop, tanto dos meninos quanto das meninas.
Depois Regiani e eu repetimos a demonstração dos jogos com copos que fizemos na aula anterior. Esta turma conseguiu identificar os ritmos, só não sabiam os nomes. Referente ao ijexá, alguns alunos identificou como ritmo de candomblé, e nós nem íamos tocar no nome candomblé pra não entrar na questão da religiosidade, mas foi bem tranquilo.
Depois Maurício pediu à turma que cantasse uma música que eles gostam e eles cantaram, nada mais nada menos que o pagode sucesso do momento, e então Maurício iniciou uma conversa com a turma sobre as músicas que fazem sucesso e as que não fazem. Depois Maurício encerrou a aula deixando com eles a reflexão sobre o assunto.

TURMA: 4º ANO A

Maurício iniciou a aula tocando e cantando junto com a turma a música que foi composta por eles e elas sob sua orientação que fala sobre reciclagem, pois esta turma está desenvolvendo um trabalho com lixo reaproveitável junto com a professora Fátima. Depois Maurício pediu à turma sugestões de ritmos para serem tocados com copos durante a música e dois alunos criaram um jogo com os copos seguindo o pulso da música que foi aproveitado. Então Maurício convidou mais um aluno e uma aluna, chamando a atenção para o fato de que as meninas nunca se candidatam pra fazerem as atividades que ele propõe (neste momento ocorreu uma briga de gêneros: os meninos dizendo que as meninas não sabiam fazer nada, e as meninas listando as coisas que elas sabiam fazer como jogar bola, por exemplo, e coisas que elas sabiam e eles não). Em seguida Maurício propôs que essa música fosse cantada em ritmo de hap, e então os alunos e aluna que estavam fazendo o jogo com os copos reproduziram o ritmo enquanto os resto da turma cantava. A pretensão é de apresentar esta música na festa das crianças que acontecerá no dia 11/10.