RELATO DA OBSERVAÇÃO FEITA NO DIA 29/09/11 NA ESCOLA SANTA BÁRBARA:
Surgiu uma discussão muito interessante em torno do pagode baiano, o tipo de música que é exageradamente consumida pela população baiana a partir da massificação da mídia radiofônica e televisiva dentre outros meios. Com a turma do 3º ano C e E.
Maurício: "por quê vocês gostam dessa música?"
Turma: "porque nós somos jovens e porque faz sucesso"
Maurício: "por que faz sucesso?"
Turma: "porque toca na rádio, no bocão, no celular, no carro..."
Maurício: "mas vocês ouvem só esse tipo de música porque escolhem ou porque alguém escolhe pra vocês?"
Turma: "porque é só o que toca na rádio"
Maurício: "e quem é que bota pra tocar na rádio?"
Turma: "o locutor"
Maurício: "e quem manda o locutor tocar a música na rádio?"
Turma: "o empresário"
Maurício: "por que o empresário manda tocar esse tipo de música na rádio?"
Turma: "porque ele quer ganhar dinheiro"
Maurício: "se ele quer ganhar dinheiro ele vai mandar tocar muitas vezes ou poucas vezes?"
Turma: "muitas vezes"
Maurício: "vocês gostam mais das músicas que tocam poucas vezes ou muitas vezes?"
Turma: "muitas vezes"
Maurício: "e toda música que toca na rádio é boa?"
Turma: "não, nem todas"
Maurício: "a música que o Bagunçasso toca é boa ou ruim"
Turma: "é boa!"
Maurício: "e por que a música do Bagunçasso não toca na rádio, se ela é boa?"
O relato que estou fazendo desta conversa é apenas um resumo dos questionamentos e das respostas que se sucederam. Acredito muito na inteligência de nossas crianças e na capacidade de distinguir e reconhecer as coisas boas que nos são oferecidas, e esta conversa foi a prova disto. O que falta, na realidade, é que aconteçam mais debates como estes pra que elas sejam aguçadas a analisarem a qualidade do que elas consomem e possam escolher se querem ou não continuar consumindo. Entender também que elas são livres pra escolherem o que querem consumir, e pra que ocorra essa escolha é preciso que elas tenham a oportunidade de conhecerem outros produtos. Aí entra a nossa atuação enquanto educadores musicais: apresentar outros estilos musicais e fazer com que elas se apropriem dos mesmos e provocar este tipo de discussão relatado acima, dentre outro caminhos.
TURMA:3ºANO B
A turma cantou a música da bolinha de sabão depois repetiu com boca chiusa e depois com la, la, la. Cantando destas duas últimas formas eles tiveram dificuldades de cantarem a melodia, pois já estão acostumados com a associação da melodia com a letra da música.
Depois Maurício tocou no violão a música "Quê que tá escrito" e a turma acompanhou cantando com bastante euforia batucando nas carteiras e dançando (o que é inevitável).
Em seguida Regiane e eu demonstramos dois jogos com copos criados pelo grupo de estudos: o ijexá e o samba-reggae. Depois falei um pouco sobre os ritmos, mas antes Maurício perguntou à turma se eles conheciam estes e quais músicas utilizam os mesmos e ninguém soube responder nem mesmo sobre o samba-reggae. Alguns chutaram que eram ritmos da capoeira.
Maurício colocou pra tocar no aparelho de som uma música que utiliza o ritmo ijexá para demonstrar à turma.
Quando demonstramos o ritmo ijexá pela primeira vez, Maurício pediu para a turma dançar e alguns dançaram como se fosse hap.
TURMA: 3º ANO C e E
A aula foi iniciada com a turma cantando a música da preguiça.
Depois Maurício iniciou uma conversa sobre poluição sonora e foi destrinchando o assunto falando sobre massa sonora, volume, intensidade, os efeitos dessas massas sonoras, propagação do som... tudo isso pra chamar a atenção para o silêncio frisando a importância do mesmo para a saúde auditiva. Acho que a abordagem deste tema estimulou a turma a fazer silêncio.
Depois Maurício tocou no violão uma canção bastante calma e a turma cantou.
Dando continuidade à aula, Maurício falou sobre o hap e depois fizemos uma audição. Ao ouvir este tipo de música os corpos já se movimentam no estilo hip hop, tanto dos meninos quanto das meninas.
Depois Regiani e eu repetimos a demonstração dos jogos com copos que fizemos na aula anterior. Esta turma conseguiu identificar os ritmos, só não sabiam os nomes. Referente ao ijexá, alguns alunos identificou como ritmo de candomblé, e nós nem íamos tocar no nome candomblé pra não entrar na questão da religiosidade, mas foi bem tranquilo.
Depois Maurício pediu à turma que cantasse uma música que eles gostam e eles cantaram, nada mais nada menos que o pagode sucesso do momento, e então Maurício iniciou uma conversa com a turma sobre as músicas que fazem sucesso e as que não fazem. Depois Maurício encerrou a aula deixando com eles a reflexão sobre o assunto.
TURMA: 4º ANO A
Maurício iniciou a aula tocando e cantando junto com a turma a música que foi composta por eles e elas sob sua orientação que fala sobre reciclagem, pois esta turma está desenvolvendo um trabalho com lixo reaproveitável junto com a professora Fátima. Depois Maurício pediu à turma sugestões de ritmos para serem tocados com copos durante a música e dois alunos criaram um jogo com os copos seguindo o pulso da música que foi aproveitado. Então Maurício convidou mais um aluno e uma aluna, chamando a atenção para o fato de que as meninas nunca se candidatam pra fazerem as atividades que ele propõe (neste momento ocorreu uma briga de gêneros: os meninos dizendo que as meninas não sabiam fazer nada, e as meninas listando as coisas que elas sabiam fazer como jogar bola, por exemplo, e coisas que elas sabiam e eles não). Em seguida Maurício propôs que essa música fosse cantada em ritmo de hap, e então os alunos e aluna que estavam fazendo o jogo com os copos reproduziram o ritmo enquanto os resto da turma cantava. A pretensão é de apresentar esta música na festa das crianças que acontecerá no dia 11/10.
Nenhum comentário:
Postar um comentário