domingo, 18 de julho de 2010

Relato Olga 05/07/2010

De acordo com o calendário acadêmico das escolas públicas nesta segunda-feiras as aulas retornariam, portanto eu resolvi ir à escola no período da tarde para fazer minha observação.
Cheguei lá às 13h57min e como ainda não estava no horário do ensaio do OLGART, sentei-me para esperar por Ráiden. As crianças menores me abordaram com freqüência perguntando sobre o funcionamento das aulas de música e também sobre o possível ingresso no projeto. Então expliquei para elas que toda essa parte de organização e produção, tanto do grupo OLGART quanto das aulas, ficavam a cargo de Raiden, Rita e eventualmente de Luciano.
Ao longo que o tempo passava eu me conformava que Raiden nem Rita iriam aparecer, já que eu não havia avisado que iria pra lá. Aos poucos foram chegando os estudantes que faziam parte do projeto e logo que entravam e me avistavam perguntavam: “Professor, hoje haverá ensaio?” Então eu respondia dizendo que eu estava esperando por Raiden e Rita, passando assim a esperar comigo. Um dos meninos logo entrou correndo e dizendo: “Professor, o senhor nem me disse que a professora de música era famosa, eu a vi na TV, tocando com um grupo só de mulheres que veio da África!” Logo eu compreendi que ele estava falando de Ana.
Fiquei dobrando origamis em quanto o tempo passava. Logo às crianças levaram todos que eu havia dobrado e ainda me encomendaram muitos outros. Foi quando uma das meninas perguntou-me onde eu morava. Respondi dizendo que ali por cima, apontando na direção da minha casa. Ela ficou surpresa dizendo que é raro um professor morar tão perto dos estudantes. Logo outro menino a interrompeu dizendo que não é pelo fato de que eu seja um professor que moraria na Itália ou na França, a menina retrucou dizendo que apenas ficou surpresa. Então uma terceira menina disse que pelo menos os professores já estavam chegando mais perto, e continuou com um ar quase utópico: “Quem sabe um de nós aqui do Vale não vira professor um dia?!” Disse para ela que eles podem ser o que eles quiserem: "professor, médico, músico, ator ou escritor é possível para todos". Eles foram dizendo que estudariam para logo terminar a escola, então eu mais uma vez disse para eles que aproveitassem esse momento como estudantes, como todos os outros que virão, e que estudem não simplesmente por estudar, mas que estudem para ser, que a proposta do conhecimento é transformar.
Depois disso tudo fui me dirigindo ao portão junto com todas as crianças, me despedi das pessoas da escola e fui para casa.

3 comentários:

  1. Maurício ...
    comente/reflita mais a respeito da constatação da menina, que se surprendeu com o fato de vc morar no bairro ...

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  2. muito bom o conselho e o papo que vc teve com as meninas!"!!!

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