quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Relato Santa Bárbara, 21/10/2010, quinta-feira.

A expectativa em comparecer à escola santa Barbara nesta quinta-feira foi bem distinta das demais ocorridas ao longo deste ano nas práticas de observações e monitorias que permearam a nossa rotina no decorrer do mesmo. Utilizo o termo “nossa” rotina ao invés de “minha” rotina por perceber as mesmas reações e sentimentos diante dos desafios e também da nova oportunidade (liderar as aulas de música neste dia), mesmo levando em conta as experiências prévias de alguns bolsistas com uma classe, houve a sensibilidade de perceber que apesar de cada um ter suas experiências, não se pode negar que cada turma e cada escola representam realidades distintas assim como os sujeitos inseridos no contexto escolar.
Nestas aulas substituímos o professor Maurício; ou seja, passamos a ser “os cabeças” do negócio, ou melhor, da aula. Cheguei à escola pouco mais de 8:30 da manhã, em seguida, chegaram o Ricardo e o Jean com as “prescrições” cuidadosas do Maurício.Nos reunimos na secretaria e no decorrer de uma breve conversa tentávamos organizar nossas idéias e os planos de aula “relâmpago”, pois os minutos que se passavam nos convidavam à responsabilidade e não havia mais tempo para pensar e sim para agir. Então, ficou decidido que cada um ficaria responsável por liderar a aula em uma das turmas, sendo que todos os bolsistas auxiliariam em todas as aulas também.
Na verdade não deu muito tempo para incorporar a aula a ser dada, nem tampouco pensar os possíveis problemas de algumas formas de abordagens, que naquele momento, iam escapando nas ações, muitas vezes pensadas, mas não avaliadas. Estas reflexões ocorriam no momento da ação, o que gerava um certo desconforto, embora em alguns momentos servissem como um “puxão de orelha” ao qual só quem sente percebe. Mas, já estávamos lá e tínhamos que desempenhar algum papel naquele momento que nos convidava a ação e que ao mesmo tempo nos desafiava!
Jean liderou a aula no terceiro ano B onde explorou as “prescrições” do Mauricio como um verdadeiro discípulo na sala de aula, abordando o tema altura do som. Propôs a brincadeira do “Morto e vivo”, sendo que, para o som grave associava- se ao termo morto, fazendo o movimento com o corpo para baixo, ficando de cócoras; para o som agudo associava-se ao termo vivo, fazendo o movimento para cima, ou seja, ficando em pé. Ricardo também deu a sua contribuição nesta aula, onde fez com que os alunos explorassem os sons existentes na sala de aula, tendo os mesmos encontrado os sons que foram considerados como mais grave (a porta batendo) e mais agudo (o som das chaves penduradas no armário).
Bem, fiquei responsável pela turma do terceiro ano A onde desenvolvi uma atividade do “Lenga la Lenga” com a canção “Zabelinha”. Apresentei o jogo de copos correspondente a essa canção. Mesmo sabendo que não seria nada fácil por ter presenciado em algumas aulas o longo processo de assimilação dos alunos da dinâmica “Viva o rabo do tatu”, tendo a mesma sido fragmentada no decorrer de um número de aulas, até a sua conclusão. Quis fazer esta experiência para poder avaliar o nível de compreensão dos alunos e também para tentar entender o porquê destas atividades serem feitas fragmentadas por Maurício, embora concorde com suas explicações a respeito desta prática, mas, só poderia chegar a alguma conclusão passando por esta experiência. Primeiro, apresentei a música aos alunos cantando e fazendo o acompanhamento no violão. Na segunda repetição os alunos cantaram juntos comigo. Em seguida convidei os alunos que se encontravam na fileira do fundo (na fila horizontal) da sala, pedi que cada um desse as mãos uns aos outros, formando uma roda e em seguida sentamos para dar início às atividades com os copos. Distribuí os copos e fiz os movimentos em um andamento mais lento, cantando a letra da música para apresentá-los. Em seguida, pedi que cada um colocasse os copos à sua direita com a boca para baixo, na posição inicial. E novamente fiz os movimentos lentamente para que os mesmos tentassem reproduzi-los.
Por incrível que pareça estes primeiros alunos foram os que desempenharam melhor a dinâmica, mesmo incluindo os diversos erros ao longo do desenvolvimento da atividade. Havia momentos que um ou outro aluno se encontravam nos movimentos, principalmente quando se concentravam no que estavam fazendo e observavam os movimentos que estavam sendo desenvolvidos mais lentamente. Infelizmente, não houve um momento de acerto integral dos movimentos nessa fila de forma que a dinâmica fluísse mais livremente, mas, como enfatizei anteriormente, ocorreram acertos dos movimentos da dinâmica por parte dos alunos, mesmo não sendo simultaneamente por todos, sem a dinâmica ter sido fragmentada, destacando-se alguns alunos que mostraram maior assimilação. De certa forma o tempo não contribuiu muito para que fosse possível auxiliar melhor os alunos que se encontravam com dificuldades, logo tive que ignorar tais dificuldades e atender a próxima fileira de alunos, o que foi realmente uma pena, pois, os alunos desta primeira fila eram os mais interessados.
Na segunda fileira composta pelos alunos da sala que se comprometeram a participar da aula, com exceção da primeira fila, a maioria dos alunos não queriam mesmo participar, mas, bastou o aluno de comportamento mais aversivo se pronunciar positivamente, para que viesse com ele a maioria dos que antes eram do contra. Com estes alunos as coisas não fluíram muito bem, pois eram mais desatentos e agitados; houve poucos que acertaram os movimentos. Então, sugeriram a dinâmica “Viva o rabo do tatu”, e logo tudo deu certo. No final Ricardo sugeriu a música “O lixo tem que ser reciclado” para que os alunos fizessem um rap com a mesma.
No grupo cinco fizemos a rodinha da amizade e desenvolvemos uma atividade de imitação bem familiar aos alunos, onde o primeiro aluno cria um ritmo com o copo e o aluno seguinte o reproduz, seguindo este exemplo até o final da roda. Foram tocadas algumas músicas do repertório da turma e no final cada um dos alunos experimentaram tocar o violão.

2 comentários:

  1. Relato muito rico, Tânia, que agregou reflexões muito consistentes relativas aos momentos que antecederam a aula.
    Não tenho dúvida que esta experiência de vcs terem que ficar a frente sem Maurício por perto foi uma prova de fogo ... mas uma prova de fogo necessária para vcs fazerem um pouco o ponto da situação com vcs mesmos.

    Uma curiosidade ... a atividade da Zabelinha que vc conduziu foi antes ou depois de vc ter aplicado a atividade com a turma de iniciação 2? Fico curiosa e espero que vc tenha feito isto antes com a gente até para ganhar mais segunrança perante a turma ...
    Vamos ver o que vc nos conta mais a este respeito.

    No mais ... parabéns!

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  2. Tânia, Parabéns, pelo relato descritivo, Espero que tenha entendido quando falo do processo de conhecimento da turma, para o desenvolvimento de atividades significativas para a turma.

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