Relatos Escola Santa Bárbara – 17/05/2011
Essa manhã na escola santa bárbara foi bastante produtiva. Cheguei no grupo 05 e as atividades já haviam iniciado. Hoje a turma estava trabalhando com instrumentos bem familiares à minha pesquisa , o agogô e o caxixi .Esses dois instrumentos fazem parte do universo de algumas manifestações populares e em particular da capoeira angola. A atividade proposta pelo prof. Maurício consistia em cada criança, ao pegar o instrumento, pronunciar seu nome e tocá-lo de acordo com a divisão silábica das palavras, Ca-xi-xi / a-gô-go , num processo evolutivo partiu-se da divisão binária das atividades anteriores com a clava ,cla-va,para uma divisão ternária.E ai é que o ritmo e os instrumentos da capoeira angola poderiam cair como uma luva para complementar uma aula desse tipo.Apesar do compasso da capoeira ser quaternário ,para se aprender a tocar qualquer instrumento da bateria da capoeira angola partimos sempre da divisão da célula rítmica desta forma ; 1 – 2 – 3 ,sendo que o quarto tempo é pausa.enfim a partir dessa aula podemos perceber como a capoeira angola tem muito a contribuir no planejamento de atividades desse tipo. Após essa etapa a turma cantou a música da fazendinha do mestre Zé imitando o som dos animais ,o barato dessa atividade é que explora bastante a criatividade dos meninos inventando sons inusitados para os bichos. Ao caminho para o 1º ano Maurício foi discutindo conosco sobre o plano de aula para esta turma que tinha o objetivo de trabalhar a percepção .Começamos cantando a música da loja do mestre André onde a turma tinha que imitar o som dos instrumentos (no ano anterior eles cantavam essa mesma música mas como a fazendinha do mestre Zé e o som dos animais, como vimos no grupo 05),logo em seguida a atividade se inverteu ,com a música do “passarinho que som é esse?”, do castelo ratimbum, a turma agora teria que adivinhar o som do instrumento tocado.Todos adoram essa atividade e participam ativamente.Chegou a “hora do ouvido”, um momento acordado com a turma em que todos teriam que abrir bem os ouvidos e prestar atenção pois era hora de começar a “ brincadeira do detetive”.a brincadeira consiste em escutar uma música e ir descobrindo os instrumentos presentes no arranjo da mesma.A alegria toma conta nessa atividade ,o desafio lançado para os pequenos detetives deixa todos bem agitados a cada descoberta sendo preciso Maurício sempre está chamando a turma para se acalmar.Nesse instante me surgiu uma reflexão a respeito da disciplina em sala de aula .até que ponto a disciplina deve ser mantida numa sala de aula?é preciso mesmo mantê-la sempre? E a partir desse estudo de caso vi o prof. Maurício responder um pouco dessas questões;A disciplina deve ser mantida sim para garantir que o conteúdo programado e o não programado se afirmem , ou seja, para que a dialética do processo construtivo da educação seja garantida, porém é preciso permitir à turma momentos de autonomia coletiva (bagunça? manifestação impulsiva de divertimento? ) más sempre chamando a atenção para a importância de que a integridade de todos deve ser preservada – respeito mútuo.Do meu ponto de vista essa aula foi um sucesso.Dai partimos para o 2º ano onde trabalhamos com a mesma música em que o 1º ano participou da atividade do “detetive”,sendo que agora o foco não estava mais em perceber os timbres ,na percepção dos instrumentos .O foco da atividade voltou-se para a palavra e para uma percepção mais geral da música; impressões, sensações.Como a turma se encontra num processo de progressos na leitura ,o plano de aula teve essa meta interdisciplinar de auxiliar nessa formação. A música trabalhada foi “pipoca” da palavra cantada. A atividade iniciou com a escuta da música e o reconhecimento das palavras contidas na letra da composição, à medida que a turma ia conseguindo reconhecê-las Maurício ia anotando no quadro. Interessante é perceber que no reconhecimento das palavras que não fazem parte do vocabulário cotidiano deles a percepção volta-se mais para o som da palavra e assim eles sempre sugeriam alguma outra palavra de seus universos semânticos parecidas com o som escutado, ou seja , a atenção é o som e não o símbolo;por exemplo, ao soar na música a palavra pata-pata eles percebiam como vatapá.À medida que a turma foi escutando repetidamente a percepção foi aumentando tornando-se mais fácil o reconhecimento das palavras “estranhas”.Para finalizar cantamos a música preferida dessa turma a do “vagalume”. acho que essa música se destaca das outras por envolver movimentos ritmados em sua coreografia, tenho percebido que o trabalho de corpo seria muito importante para fugir um pouco da dinâmica estática das cadeiras enfileiradas e para liberar um pouco da energia contida.Por fim chegamos ao 3º ano iniciando a aula cantando as músicas sugeridas pela turma, a da preguiça e a da maré. A música da maré é bastante tranqüila e deveria levar a turma a se acalmar um pouco, porém eles estavam meio agitados e não embarcaram na música, então voltamos a trabalhar com a música “oito anos” de Adriana Calcanhoto.E quando foi lançado o desafio do reconhecimento da letra a turma passou a se envolver mais na atividade.O desafio realmente é um elemento que instiga as crianças nessa faixa etária, a cada descoberta feita eles comemoravam com alegria.
sapoti
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