3º ano B
Hoje foi dia de prova aqui na Santa Bárbara e a escola estava bem silenciosa. Maurício começou a aula perguntando aos meninos que música eles queriam cantar. Cantou duas músicas que alguns cantaram e, então, introduziu a música “Bolinha de Sabão”. “Eu adoro ver bolinha de sa (ploc)” e estala a língua na hora do “bão”. Depois a música se repete, mas com variações no “ploc”. Os meninos foram aos poucos se acostumando, mas não foi tão fácil para eles assimilarem.
Maurício começou falando bem baixo porque a escola estava quieta o suficiente, mas com mais ou menos 15 minutos de aula as outras turmas começaram a fazer barulho e o 3º B foi acompanhando aos poucos.
Eles têm um pouco de dificuldade em parar para escutar as coisas. Isso é perceptível pelos erros na repetição de frases simples, às vezes mesmo as recitadas.
A atividade não funcionou muito bem porque os meninos estavam muito distraídos e não faziam os estalos na hora certa, alguns até de propósito. Os estalos não são tão naturais para eles, já que variam de lugar na frase e como eles não prestaram muita atenção sempre tinha um “ploc” ou um “bão” sobrando no ar.
3º ano C
Maurício começou cantando a música da preguiça que a maioria conhecia, mas logo no começo um dos meninos fez uma brincadeira meio “bullynoza” com uma colega. Ele parou a música e foi para os estalos de língua.
Essa atividade, apesar de não ser muito complicada, atrapalha bastante porque a letra se repete, mas os estalos de língua mudam e essa turma também não prestou muita atenção.
Em seguida, Maurício pediu para metade da turma imitar um berimbau e a outra imitar um atabaque com a percussão corporal. Quando os meninos encaixaram o ritmo ele inverteu os grupos.
Depois pediu para eles cantarem “Canarinho da Alemanha” e então falou das músicas de domínio público exemplificando com “Escravos de Jó”. Pediu para quatro alunos irem para o fundo da sala e andarem para frente no ritmo da música. A ideia era fazer uma competição entre as filas – afinal de contas, nada como uma disputa para “conquistar” a atenção deles.
Os meninos não andaram muito no ritmo. Eu acho que por falta de uma marcação mais forte, mas tenho certeza que eles conseguiriam marcar com as mãos.
1º ano A
Por uma mudança nas turmas viemos assistir essa aula. Maurício foi falar sobre os instrumentos de sopro. Coincidentemente uma das meninas levou uma flauta doce para a aula. Maurício colocou um vídeo rápido que mostrava a imagem de instrumentos de sopro.
Depois pegou uns canudos e fez uns apitos. Os meninos ficaram bem animados com o som e a maioria foi para cima dele para pegar um, mas ele não tinha suficientes. Ele mostrou canudos de diferentes tamanhos e eles reconheceram os sons graves e agudos.
Em seguida, colocou imagens na televisão e pediu para eles dizerem me se os instrumentos eram de sopro ou não eles ficaram mais agitados ainda, mas essa agitação era uma euforia para responder. Como essa sala é no fundo do corredor ela é mais silenciosa do que as dos terceiros, quartos e quintos anos.
5º ano A
A aula começou com uma advertência da professora na porta da sala. Os meninos estavam bem agitados e a suposta diferença de quatro anos entre o 1º e o 5º ano parece uma distância de quatro anos-luz entre uma sala e outra. Foram cerca de vinte minutos para entrarmos na sala e Maurício começar.
Ele colocou o vídeo de uma turma cantando “Fome Come”. A abordagem e a linguagem são, naturalmente, totalmente diferentes do 3º ano.
Foram passados dois vídeos com arranjos diferentes da mesma música. Depois foi feita uma roda e os copos foram passados no primeiro tempo do compasso. Os meninos tiveram alguma dificuldade, mais por causa da distração do que por falta de coordenação motora.
O processo de repressão aos impulsos dos meninos começa cedo. Percebi na linguagem da professora do 1º ano as mesma broncas e punições ( de uma forma um pouco mais branda) que são usadas no 5º ano. Claro que os meninos são realmente agitados, mas não acho que esse modelo de punições resolva alguma coisa. Como achava quando era aluno, elas são insuportáveis e ineficientes porque raramente se acalma uma turma agitada com reclamações e sim com atividades e um outro tipo de linguagem, algo que eles não estejam habituados – pois sabemos que essas broncas vão acompanha-los durante todo o ensino escolar. Não é nenhuma novidade e, por isso, eles criam um filtro tão bom contra brados retumbantes de professores cansados de tanto barulho.
Mas falar sempre é fácil.
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