quinta-feira, 23 de maio de 2013

Início das oficinas de reciclagem

Olá, companheiros!

Ontem se iniciou uma série de oficinas de construção de instrumentos com material descartado e reciclável promovida pela Tang. Beto e eu fomos avisados por Ednaldo que poderiamos chegar até as 15h para participarmos da oficina, visto que ele não poderia estar na escola durante o turno vespertino pois teria que resolver algumas pendências com a Secretaria Municipal de Educação. Ao chegarmos tive a grata surpresa de encontrar um amigo, o Alessandro Monaco, ministrando a oficina. Alessandro é percussionista e tem trabalhado há algum tempo com a construção de instrumentos tradicionais de música popular - como alfaias e caixas de maracatú - e de instrumentos alternativos usando materiais descartados. Aquela fora sua primeira oficina com os alunos.

Ao entrarmos na sala, ele conversava com os alunos, explicava o projeto, enfatizando a necessidade deles, os alunos, recolherem certos materiais para que pudessem confeccionar os instrumentos - canos de pvc, cabos de vassoura, dentre outros. Após conversar um pouco com as crianças, Alessandro começou uma dinâmica que consistia em "passar a palma": cada aluno deveria repassar a palma que recebesse, olhando e direcionando o som a outro colega. A medida que eles absorveram a dinâmica, Alessandro propôs adicionar um pulso a ela. Logo após essa dinâmica, foi feita uma atividade de percussão corporal - primeiro, Alessandro indicou alguns sons que poderiam ser tirados com o corpo, a partir de palmas, batidas no peito, nas coxas, com a boca e os pés. Executava um som e as crianças imitavam. Depois de exploradas as sonoridades, cada um deveria fazer uma célula rítmica com as possibilidades sonoras exploradas. A atividade demorou um pouco para fluir, mas fluiu. Alessandro também propôs a adição de uma pulsação à atividade, bem como a possibilidade de fazer sons com a boca, balbuciando sílabas e onomatopéias. Após todos terem-na executado, cada um construiu um som para ser incorporado a uma espécie de coro de corpo percussivo - ou orquestra, enfim - com todos tocando juntos e tentando aliar um som ao outro, na tentativa de fazer uma massa sonora coerente.

Ao terminar essa atividade, aproveitando a temática da oficina - reciclagem -, propus que cantássemos a canção Xote Ecológico, de Luiz Gonzaga. Falei um pouco sobre a relação entre poluição e reciclagem, e como a reciclagem seria uma boa alternativa para diminuirmos a poluição do planeta. Percebemos que alguns alunos já sabiam a letra; pedi então que Beto e Alessandro repassassem a letra com eles enquanto eu ia buscar a chave do armário de instrumentos para que pudéssemos tocar alguma coisa também. Desci, peguei uma chave, voltei, não era do armário. Propomos que os alunos batessem palmas marcando um pulso - nesse instante, Beto desceu à secretaria novamente, afim de pegar a chave correta. Infelizmente, não conseguimos a chave pois a escola estava sem uma cópia e a chave geralmente ficava com Ednaldo. Beto trouxe alguns poucos instrumentos que encontrou na secretária - um agogô e um ganzá. Com Beto e Alessandro fazendo o ritmo, fizemos uma roda com as crianças e cantamos a música. Pedi que eles acompanhassem meus movimentos a partir do ritmo que Beto e Alessandro faziam - fomos pra frente, pra trás, demos as mãos, rodamos, batemos palmas, nos agachamos, viramos de costas, etc.

No fim da aula, uma das alunas pediu que fizéssemos uma atividade com os bambolês. Beto então repetiu uma atividade que Ednaldo havia feito numa das aulas em que ele observara - e que ele pode descrever melhor que eu. Fizemos variações da atividade, alternando movimentos e pulsações.

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Um dos alunos, D., estava bastante eufórico: fazia a atividade, voltava, furava a fila, atrapalhava os colegas. Propus então que quem atrapalhasse o outro colega, sairia da brincadeira.  Todos acataram. Organizamos a fila, e cada um, um a um, entrou na brincadeira. D., no entanto, não se segurou e correu, foi, voltou, atrapalhou o colega. Pronto, saiu da brincadeira. Pediu pra voltar, disse que não ia atrapalhar mais ninguém e após o fim do ciclo, permitimos que ele voltasse. A partir de então, ele se comportou. No fim da aula, as crianças se soltaram, pegaram os bambolês e começaram a brincar. Pedi, então a D. que me ajudasse a recolher os bambolês. Avisei aos alunos que ele seria o responsável por recolhe-los. E ele ajudou - do jeito dele (rs). Mas uma coisa que eu tenho percebido nos últimos tempos, nas minhas observações e andanças, é que os alunos gostam de se sentir responsáveis. Se você designa a ele uma tarefa que ele é capaz de fazer, na maioria das vezes ele a faz. E de bom grado. Sempre cri que "obedecer" não é o principal papel dos educandos - eu mesmo sempre fui meio desobediente, respeitosamente desobediente. Às vezes devemos dar a eles a colher de chá de propor, de comandar alguma atividade. Enfim, oferecer escolhas aos alunos. Penso haver nisso, nessa transferência de responsabilidade, uma importância; é uma confiança que depositamos neles - lógico, feita com consciência e gradação. Ao confiarmos neles, possivelmente, eles confiarão mais nós. Penso eu... Só espero não estar de todo enganado.


Abraços!

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