Certa vez, assistindo televisão, vi um arcebispo ficar emocionado num programa, de cunho jornalístico, quando o mesmo exibiu a imagem dos torcedores do Bahia (lá ele!), fazendo a oração Pai Nosso antes do jogo começar no estádio.
Não sou uma pessoa com tamanha sensibilidade, mas confesso que fiquei emocionada quando vi os meninos da escola carmelitana cantando o hino nacional (Nem consegui cantar o hino todo...). Diga –se de passagem, nosso hino é considerado um dos mais nacionalistas e carismáticos do mundo, mas isso me fez refletir sobre como os valores estão sendo passados para nós na escola.
Por exemplo: apesar de nosso hino ser tudo isso, boa parte de nosso povo não sabe cantar, e muito menos o que aquela linguagem rebuscada quer dizer. Buscar aprender os valores, seja eles nacionais, pessoais, cívicos, etc. são importantes desde que ele, além de aprendido, seja interiorizado; é a partir daí que ele deixa de ser do país, para ser um valor meu, seu ou de um aluno que estuda na Carmelitana.
Mas como trabalhar valores em aula de música e fazer esse valor ser algo que pode vir de dentro do aluno?
Em música (no ensino tradicional), nós aprendemos que valor é o quanto uma nota dura (som longo ou curto) e altura é a faixa vibratória ( som grosso ou fino).
Na aula de música dessa semana, o professor Davi buscou o entendimento das turmas quanto aos valores das notas, bem como a altura existente entre elas; é interessante reparar que, após a explicação, meu colega, Pedro, fez um trabalho que estimulou um discurso todo pessoal dos alunos;
O trabalho consistia em todos improvisarem dentro do conteúdo aprendido na aula.Se você conhece o dó-re- mi; você pode embaralhar tudo e fazer um re-mi-dó ou do- re- do ou re-do- mi...Ora, se você sabe que existe o ta-ti-ti-taa (“taa” dura mais que “ta” que dura mais que “ti” ) você pode fazer várias sequências com ti-ta-ta ou taa-ti-ti...
Assim, aprendemos como o discurso funciona, como usá-lo e usamos para transmitir NOSSO discurso.
A brincadeira musical foi tão produtiva, que eu percebi o quanto eles ficaram à vontade com o professor Pedro, e até nos intervalos entre as aulas, conversaram com a gente como se fossem nossos colegas. As tensões praticamente desapareceram!
Sabe... Existe muita gente por aí que dizendo ser músico, mas tem um conceito tão fechado sobre ela, que deixa a musicalidade sair pela janela! Aí perde nesse quesito para um aluno da escola Carmelitana que, desde cedo, já exercita a criatividade para usar a matéria prima ministrada nas escolas e assim produzir um discurso baseado na consciência; ele ganha porque mais vale uma música bem interpretada do que uma mera execução de uma complexa partitura.
No caso daquele arcebispo que falei no início, tenho que certeza que 90% de sua emoção se deve ao fervor com que aqueles torcedores oraram, do que pelo simples fato de orar.Ali, aquela oração já não era mais católica, evangélica ou coisa alguma, ela era exclusivamente deles, pois foi feita de dentro para fora, cada palavra era conscientemente proferida, era a oração dos torcedores do Bahia (lá ele!).
Gostei Paola...sinto que é isso mesmo. Antes de decorar uma letra tão rebuscada, deve se entender, interiorizar o significado daquelas palavras. Trazer a consciência. Vejo que valores - aí não estou falando do aspecto: conteúdo musical - não pode ser tratado, meramente, como tema transversal, mas sim, como algo primário, fundamental - lembrando que estamos observando aulas do ensino fundamental. É difícil, eu sei, mas não é impossível.
ResponderExcluir