quinta-feira, 28 de abril de 2011

Relato Carmelitana 27/04/11

Hoje tive a oportunidade de assumir de forma integral todas as turmas da tarde, que para mim valeu muitíssimo a pena!

Tudo já havia sido acordado previamente com o professor Davi, pois, além do meu desejo de já começar a desenvolver algumas atividades com a turma, ele mais a professora Cristiane precisariam sair pela tarde para pesquisar alguns produtos que irão ser comprados para a escola. Além disso, culminou que o professor estava doente e de qualquer forma não poderia dar aula hoje. Juntando o útil ao agradável, coloquei a mão na massa.

Assumi uma turma do 3º e outra do 2º ano. Busquei dar prosseguimento ao trabalho que o professor já vinha desenvolvendo com as crianças, no caso, a percepção do som grave e do som agudo, além de, já começar a trabalhar o nome das notas com suas respectivas alturas e a movimentação dessas alturas proporcionada pela escala musical. Davi me orientou a trabalhar por enquanto da nota DÓ até a nota MÍ – DÓ, RÉ, MÍ – em cima também de uma canção do método de Nilsa Zimmermann, que o professor deseja trabalhar em sala de aula. A música Dó, Ré, Mi.

Desenvolvi uma atividade, retirada do livro Jogos e Brincadeiras Musicais de Alliana Daud, chamada Painel Sonoro. Esta atividade consiste em o professor desenhar vários quadrados interligados e em seguida pedir que cada aluno sugira um som (animais, objetos, fenômenos da natureza etc.), registrando cada som nos quadrados, que poderá ser desenhando ou escrevendo. A quantidade de quadrados será a mesma de alunos na sala. Depois, cada criança ensaia o som que ela sugeriu. A brincadeira consiste em pedir que os alunos se expressem de acordo com os registros do quadro, seguindo o sentido da direita para a esquerda, mas que logo depois pode ser alternado pelo professor, tanto de trás para frente, de cima para baixo, de baixo para cima e em velocidades diferentes. Acabei dando uma modificada/adaptada para a realidade que estava vivenciando ali. Interliguei os quadrados em um formato de escada e sugeri que eles me dessem sons de acordo com a altura que os quadrados estavam, fazendo aí já um link com o assunto que estavam estudando. Exemplo: o quadrado que estava mais a baixo na escada teria que ter um som mais grave e conforme os degraus iam subindo o som também ia ficando mais agudo, conseqüentemente eles teriam que apresentar um som mais agudo. As crianças se entusiasmaram tanto com essa atividade, que muitas vezes todas queriam opinar nos sons de todos os quadrados. Após essa atividade, ainda com o mesmo painel, eu substituía os desenhos, pelos nomes das notas, no caso, Dó, Ré, Mi e pedia que elas cantassem, observando a movimentação das notas na “escada”. Elas conseguiram ir muito bem, houve um pouco de dificuldade entre uma ou outra criança, mas no geral elas conseguiam cantar as notas, sem muita afinação é claro, bem. Agora realmente, pude observar uma certa fascinação no olhar delas, quando tirei meu violão do soft-case e comecei a tocar e cantar para que elas conseguissem perceber corretamente a afinação. Era um silêncio geral na sala, sem precisar pedir, todas ficavam vidradas no som do violão. Claro que inicialmente com um certo espanto de estar vendo aquele instrumento em sala de aula. Surgiam interjeições como: - “Olha, um violão!”, ou muitas risadas de empolgação com um “Que legal!” e “Deixa eu tocar!”. Após eu tocar e cantar, pedia para elas cantarem enquanto eu acompanhava ao violão e em seguida, escrevendo as frases da canção Dó, Ré, Mi, todos cantaram enquanto eu acompanhava. E ao final do soar do último acorde da canção, elas próprias teciam uma forte salva de palmas da forma mais natural possível.

A meu respeito, como qualquer primeira experiência, fui movido previamente de expectativa, anseios de que tudo desse certo. Procurei utilizar as minhas observações como norteador, mas não pude deixar de imprimir o meu jeito de ser na aula. Deixei as crianças um pouco mais livres que o habitual. É verdade que com isso utilizei um pouco mais da voz, mas conseguir sempre desenvolver o que tinha pretendido. Sempre tentei demonstrar afeto, mesmo que num momento de “bronca” que eram inevitáveis. É perceptível como elas são ávidas por carinho. Um sorriso generoso já as conquista. Pude observar que com isso conseguimos admiração e conseqüentemente respeito delas. Busquei mostrar que o professor é muito mais que aquele que ensina uma certa disciplina, mas também aquele que acolhe, que dá carinho, principalmente em crianças que por muitas vezes não encontram isso em casa.

Saí de lá no fim da tarde um pouco rouco e cansado mas com uma satisfação que não se explica com palavras, só quem é professor/educador para entender.

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