Olá pessoal!
Hoje vivi mais uma experiência muito válida na escola. Acontece que quando cheguei lá, Davi estava de saída, pois teve problemas com a saúde. Creio que logo ele estará bem e por pedido dele não entrarei em detalhes sobre seu estado momentâneo de enfermidade.
Indo embora, Davi encarregou-me de auxiliar os professores da escola, em especial a professora de artes, Cristiane, já que não haveria aula de música. Logo assim, fui até o pátio, onde duas turmas do Programa Mais Educação estavam de castigo. Lá, fui encarregado de contê-los, para que pudessem voltar às aulas com seus respectivos monitores, de dança e informática. De acordo com a normalidade de um grupo de crianças, já era de se esperar que seria difícil fazer com que fizessem silêncio, mas em um belo e pequeno instante, como se um fulgido raio passasse pela cabeça de cada uma daquelas crianças, elas fizeram um silêncio confortador, que logo foi rasgado por uma criança, que saiu de uma das salas, para beber água. Essa criança fez ruir todo o trabalho laborioso de aquietar as turmas do Mais Educação, mas enfim, eles mereceram voltar as sua respectivas salas, daí fiquei circulando pela escola.
Enquanto vagava pelos pequenos pavilhões, sentia o aroma que trescalava dos arbustos de mirra, plantados nos canteiros ao redor do pátio perto da entrada. Fiquei ali, apreciando e observando a entrada e saída de cada um dos estudantes, logo notei uma garota que corria afanosamente em minha direção, parei e ela perguntou-me: - “Professor, haverá aula de música hoje?” Respondi decepcionando-a, que não, pois o professor Davi havia ido embora mais cedo. Logo com um olhar fixo, ela sem nenhuma culpa ou sentimento de depreciação disse: “Se o senhor falasse, poderia nos dar aula, não é?” Então expliquei para ela, que tenho um problema passageiro, que já dura há um certo tempo. Aconselhei a pequena criança a voltar para a sua sala de aula. Confesso ter me sentido um tanto impotente, por não poder lecionar substituindo Davi. As crianças realmente não compreenderiam minhas palavras, mas lá continuei, para ajudar na hora do recreio.
Quando começou o recreio das primeiras turmas, fique observando as crianças brincarem, mas percebi que só observar não era o bastante, já que a demanda é grande, mesmo dividindo as turmas. As crianças já me engoliam puxando para o olho do furacão, gritavam de um lado:- “Professor, ela me bateu!” gritavam do outro: -“Professor amarre meu sapato.” Então notei que já estava inserido no contexto da escola, como um membro ativo dela, um apêndice, ou melhor, uma das artérias de fluxo dela. Como são distribuídos brinquedos para as crianças se entreterem durante o recreio, é preciso ficar atento, pois às vezes é perigoso, elas brincam com bambolês, bolinhas e uma corda. A brincadeira da corda me chamou a atenção: eu até girei a corda para que todas elas pudessem pular. Enquanto pulavam, estavam cantando uma canção com pouca melodia, apenas um pulso constante e algumas silabas acentuadas, em forma de ostinato. A canção era assim: Açúcar refinado, queremos saber a letra do nome do seu namorado. A, B, C, D, E... Assim seguia em diante, até que elas errassem.
Algo curioso também me chamou a atenção, quando o local onde as crianças brincavam estava sujo, elas mesmas, pegavam a vassoura e o esfregão, para limpar. Teve uma em especial, que ficou tão empolgada com a limpeza, que se esqueceu de voltar à sala de aula.
Bem, fiquei lá até que todos os estudantes terminaram seus horários de recreio e voltaram à sala de aula, logo em seguida, me despedi de todos e fui embora.
Grande Maurição, seu relatório trescala o bom português... E você e Davi constinuam cheios de mistérios... rsrsrsrsr!
ResponderExcluirFora a sessão de mistérios que está virando sua marca registrada, gostei muito do seu relato e da sua integração na escola.
ResponderExcluirLegal a brincadeira com a corda. Precisamos registrar estes momentos ...
Rsrs... Sem mistérios da próxima vez!
ResponderExcluirVerdade, precisamos registrar estes momentos tão simples e tão importantes para as crianças. Sinto o recreio, como um momento de catarse para elas e funciona muito bem.