sexta-feira, 20 de abril de 2012

Relato Santa Bárbara 17/04 - Um olhar diz mais do que mil palavras

Neste dia, as aulas transcorreram costumeiramente. No Grupo 5, cantaram-se canções e Maurício entregou as clavas para as crianças marcarem o ritmo do baião, enquanto isso, o colega bolsista, Rodrigo, solava Asa Branca no sax.

Logo que saímos fomos convocados a comparecer na turma do 4° ano para "ilustrarmos" através do som esta mesma canção. A professora da turma, não sei por qual razão- acredito ser por causa do projeto com Luiz Gonzaga desse 1° semestre - , estava apresentando essa música para a turma, e por isso, pediu a nossa força para abrilhantar o primeiro contato daqueles alunos com essa obra do nosso cancioneiro popular. Tocamos e saímos logo para a turma do 2° ano.

Nesta turma obtive a maior surpresa desta manhã. Algo que deve ser sempre observado com cuidado e atenção pelos professores e coordenadores, pois uma raiva não resolvida pode gerar mais na frente um transtorno de grandes proporções. As atividades foram normais, eles deram seguimento àquele exercício da leitura no quadro dos X e dos círculos, tendo que marcar o pulso e tocar com a clava. Sempre Maurício alteava a voz, pois aquela turma é bem esperta e eles conversam bastante. A disposição da sala estava um pouco diferente, os alunos não estavam na tradicional fila, e sim, estavam agrupados de 4 em 4. Isso ajuntou aqueles alunos mais inquietos. Havia um grupo no nosso canto direito de 4 meninos, cujo, um dos é o mais marcado tanto pelos colegas quanto pela escola. É fato que ele tem problema com a disciplina e uma certa violência implodida no seu âmago, mas se sinalizamos isso o tempo todo, reforçamos essa questão e sedimentamos essas dificuldades. Percebi uma certa marcação no garoto, toda vez que ele falava era repreendido. Os colegas o abusavam, e ele, claro, como qualquer criança saudável, respondia. Em um momento, não conseguir pegar o porque, Maurício deu uma sonora bronca nele que fez o garoto murchar. Ele baixou a cabeça, toda a sala silenciou-se, o clima ficou tenso. Maurício falou que iria chamar a coordenadora, e ele muito baixinho retrucou já com um olhar desafiador para o professor. Maurício então não permitiu aquela afronta, impôs a sua autoridade alteando a voz mais ainda e deu as costas para chamar a coordenadora. Nesse momento, a criança olhou para ele com um olhar de ódio, havia sangue nos olhos, sem exagero. E assim ficou até ele retornar com a coordenadora. Pelas palavras dela parecia que ele já era reincidente no fato e assíduo frequentador da coordenação. Ele assim foi e logo retornou. Maurício então, teve de se ausentar da sala por alguns minutos e pediu que dessemos seguimento a atividade. Então, Alan foi chamando os alunos que faltavam, e para nossa surpresa, quando chamou ele para fazer, ele não se fez de rogado. E além disso, executou o que estava proposto de forma hábil. Isso mostrou para a gente o quanto é necessário a exaltação das qualidades desses que podem estar sendo vítimas das suas próprias questões não resolvidas. É preciso ter cuidado, pois aquele olhar anterior pode ir se acumulando e tornar-se um raiva maior ainda, se apenas salientarmos as suas dificuldades. Após isso fomos para a sempre empolgada turma do 1° ano.

Lá o clima foi como o de sempre. Entusiasmado. Cantamos canções, passamos uma música nova,."Índio Cassuá", que a professora generalista deles tinha ensinado, em comemoração ao dia do índio agora no dia 19/04. Eles tocaram clava, dançaram com uma canção nova que o professor Maurício ensinou e ao final, tocamos "Parabéns Pra Você" para uma menina que estava fazendo aniversário.

Bem este foi o dia na Santa Bárbara.

Um comentário:

  1. Muitas vezes por trás de todo um comportamento inadequado, existe uma criança pedindo um pouco de atenção.Se o professor consegue entender e aproveita esta deixa para realizar uma verdadeira alquimia de sentimentos, mudamos o destino em 180 graus!Muito sábia a postura de Alan!
    Mas a longo prazo é bom procurar o que motiva esse comportamento.

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