sexta-feira, 20 de abril de 2012

Um dia reflexivo (2o dia de oservação na Escola Santa Bárbara)


A minha segunda observação na Escola Santa Bárbara aconteceu na turma do 3° ano. A ula começou naturalmente com a chamada, uma breve recapitulação da última aula, e logo foi proposta uma atividade inicial de leitura musical não convencional utilizando elementos sonoros do corpo. O gráfico da tarefa era o seguinte:
Era perceptível a dificuldade que tinham em realizar a tarefa, e comecei a observar ainda mais fundo percebendo que não se caracterizava uma atividade impossível ou muito avançada para a idade visto que alguns poucos estudantes conseguiam executá-la. Realizei que provavelmente havia dificuldade na leitura já que tinham que visualizar para executar. Para comprovar a minha tese perguntei a um pequeno companheiro ao qual me aproximei no início da aula ditando a sua tarefa de matemática da aula anterior: ‘’A atividade está difícil?’’ e ele me respondeu: ``Sim..’’, eu retruquei: “ E o que é mais difícil na atividade?”, ele: ‘’Ler os nomes...’’.
Percebendo o professor Maurício que os alunos perderiam muito tempo até executar a atividade sem decorar, ele subtraiu do quadro a língua e a mão, e finalmente conseguiram realizar a tarefa. Logo adiante, ele adicionou o estalo de língua novamente.
A aula foi finalizada com a apreciação da canção ``Bolacha de Água e Sal’’ seguida de perguntas sobre o contexto da música. Embora parecessem estar atentos, muitos divagavam no decorrer da atividade, talvez por não estarem acostumados com a apreciação já que nos seus bairros são constantemente bombardeados  com as músicas que saem dos bares ou da casa do vizinho, ou seja, não existe um momento para sentar e escutar música. As perguntas foram respondidas por poucos.
Seguimos para a sala do 2° ano e começamos a aula com a mesma canção seguida das questões sobre a letra, desta vez acrescentando perguntas sobre os instrumentos e no segundo instante da apreciação o professor pediu que estalassem o dedo no som mais forte da música e logo substituíssem os dedos pelo estalo de língua, finalizando com uma alternância entre os dois.
No segundo momento da aula o professor abriu um espaço no centro da sala utilizando uma estratégia própria para ganhar tempo e fizemos uma roda escutando a mesma canção onde participamos todos (inclusive os colegas bolsistas), marcando um tempo com o estalo de língua e o outro tempo com um passo andando no sentido horário.
As atividades transcorreram sem maiores anormalidades, exceto pelo fato do professor ter pedido a um dos estudantes que se retirasse da sala porque se recusava desde o principio a colaborar com a aula.
Ao entrar na sala me chamou a atenção uma criança diferente: moicano louro, bermuda abaixo da cintura, uma tatuagem na mão, e me perguntei: Quem serão os seus pais?  (se é que tem pais), ou como permitem que sustente aquela aparência? Soube mais tarde que essa criança já estava envolvida com a vida na rua, entretanto enxeguei uma ponta de esperança pelo fato de estar ali, na escola, participando das atividades ativamente como qualquer outra criança e percebendo que grande responsabilidade temos nós professores no papel da educação.

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