Olá, colegas, parceiros dessa
jornada!
Devo desculpas a vocês por não
ter postado o relato-reflexão da semana anterior - motivos plausíveis que
justifiquem esse deslize me faltam, admito; peço desculpas.
Anteontem, terça-feira, infelizmente
não houve aula de música na escola Xavier Marques. O prof. Ednaldo nos mandou
um e-mail há alguns dias, informando que usariam a sala de música para uma
espécie de reunião. Assim sendo, aproveito para me redimir do texto que não
postei aqui. Não relatarei a aula em si - algo que o nosso colega Alberto,
companheiro meu das visitas, fez. Mas me debruçarei sobre uma pequeno fato
sobre o qual tenho refletido desde a terça passada.
Temos comentado e relatado muito
sobre indisciplina. Na aula que observei na semana passada, a indisciplina se
mostrou preponderante na maior parte da aula. O prof. Ednaldo, contudo, teve
alguns insights que foram importantes para prender a atenção dos alunos – como
a atividade de relaxamento e a leitura rítmica a partir de quadrados em
branco e pintados, como relatara Alberto em seu texto. Mas foi um aluno em
particular quem me chamou atenção durante toda a primeira aula que assistimos
naquele dia. Agora me falha a memória, não lembro exatamente sua idade – nem
sei se soube -, mas imagino que tenha algo em torno de 7, 8 anos. Desde o
início da aula, ele mostrara-se agitado. Pulava de uma cadeira para outra,
mexia com fulano e sicrano. Foi advertido algumas vezes, mas a cada descuido do
professor, continuava sua “tarefa”.
Percebi uma relação muito íntima
dele com um de seus colegas. Este o acompanhava sempre, mesmo não participando
de suas brincadeiras. Se um mudava de cadeira, o outro ia atrás. Se um dava risada,
o outro também. Num momento, num canto da sala, enquanto o professor pedia que
as meninas cantassem a música que estavam aprendendo, os dois puseram-se a se
cutucar: um beliscava de lá, outro de cá; um fazia cócegas, o outro também; até
que o garoto mais “traquina” de repente deu um tapa em seu amigo. O professor
não viu. Eu preferi não me intrometer ainda. Continuei observando. O que
recebeu o tapa levantou, foi para o canto oposto da sala, em que estávamos
sentados eu e Alberto. Primeiro, sentou-se na ponta da fileira de cadeiras,
longe de nós. Seu amigo o seguiu. Foi se aproximando de nós na intenção de se
afastar daquele que lhe deferiu o golpe. Mas o outro foi insistente, continuava
o seguindo. Até que, em pouco tempo, os dois estavam sentados ao nosso lado.
Olhei bem para os dois e perguntei: “tudo bem com vocês”? Sorriram e balançaram
a cabeça afirmativamente. Não demorou muito para que estivessem juntos de novo.
Grudados. Unha e carne. Olhei novamente para eles: “vocês são irmãos?”. “Não”,
me responderam, “somos amigos”. Soaram alegres. Pouco tempo depois, o segundo
estava defendendo seu amigo numa outra pequena confusão em que tinha se metido.
Argumentou com o professor que fora o outro colega, e não seu amigo, que tinha “começado”...
Ao fim da manhã, Alberto, Ednaldo
e eu conversamos sobre as aulas. Relatei a ele o que eu vira, quis saber algo
mais sobre os meninos. Ele me contou que o problema da indisciplina do primeiro
– protagonista da situação que relatei – é antigo, que a mãe já foi chamada,
inclusive, à escola para ficar a par dos acontecimentos, e que isso não ajudou
muito, já que algumas atitudes da mãe evidenciaram o porquê de seu
comportamento. Ednaldo falou também que o fato dele ter arranjado um amigo
melhorou muito o seu comportamento – a partir daí ele começara a ficar mais
calmo.
A relação entre os garotos, a indisciplina de um, as causas, conseqüências, as atitudes familiares, sociais, as que tomamos em relação a essas questões, e que por vezes delimitam os caminhos que se abrem a essas crianças, caminhos esses que aqui, enquanto nos propomos educadores, somos responsáveis por abrir, foram questões que me ficaram martelando a cabeça...
P.S.: Enquanto Alberto e eu nos encaminhávamos para o ponto de ônibus, veio de lá uma criança: “professor, professor!”. Nos abraçou. Era o garoto.
A relação entre os garotos, a indisciplina de um, as causas, conseqüências, as atitudes familiares, sociais, as que tomamos em relação a essas questões, e que por vezes delimitam os caminhos que se abrem a essas crianças, caminhos esses que aqui, enquanto nos propomos educadores, somos responsáveis por abrir, foram questões que me ficaram martelando a cabeça...
P.S.: Enquanto Alberto e eu nos encaminhávamos para o ponto de ônibus, veio de lá uma criança: “professor, professor!”. Nos abraçou. Era o garoto.
Pois é Luis, ser professor é fazer descobertas todos os dias.. rs. Não tem como educar sem contextualizar, não tem como interferir no desenvolvimento do educando sem saber suas origens. O reconfortante de tudo isso consta em seu relato final. É por isso que tudo vale a pena.
ResponderExcluirEmbora alguns casos, como vc teve oportunidade de ouvir o relato de ex-aluna, não são tão felizes quanto esperávamos.. mas temos que fazer nossa parte.
P.S.- A razão de não haver aula na terça não foi por ter a sala de música (na escola) ocupada, mas pq fui convocado pelo sindicato (APLB) para comparecer em reunião realizada pelo mesmo no centro da cidade. Como sou, tb, representante da escola, junto ao sindicato, tive que me deslocar para lá. Por esta razão não houve aula. O que, em breve, espero não acontecer, quanto tivermos a oportunidade de fazermos o que aconteceu em sua primeira aula em nossa escola. quem sabe. rss. abç.
Fala, Ednaldo! Desculpa pela confusão quanto ao motivo de não ter havido aula. Imaginei que o sindicato faria uma reunião na sala, me atrapalhei - o que é bem comum!rs
ResponderExcluirRealmente ser professor é fazer descobertas. Tudo isso tem sido pra mim um grande desafio e tem me proporcionado grandes aprendizagens.
Quanto a oportunidade de fazermos o que aconteceu na primeira aula, apesar disso ainda me deixar "preocupado", estamos aí!rs
Grande abraço!