Neste dia, por conta de um problema familiar, Maurício sugeriu que eu assumisse as turmas da manhã, já que ele não poderia dar aula; caso eu não pudesse as aulas seriam suspensas. Para ajudá-lo e, também, puder colaborar com a escola, topei de imediato a missão.
Preparei, basicamente, a aula do grupo 5, pois nas outras duas turmas Maurício vem desenvolvendo um trabalho específico com os alunos e só teria que dar continuidade.
Grupo 5...
Ás 8:50, pontualmente, estava eu lá. Foi minha primeira aula de fato na Santa Bárbara, isso me deixou um pouco ansioso, pois conheço a realidade da escola, sei que não é fácil, no entanto, pra mim seria um grande desafio, coisa que gosto muito.
Aguardei, inicialmente, um grupo de professoras que estavam fazendo um trabalho sobre higiene com a turma. Assim que elas saíram entrei na sala para dar início a aula. A primeira pergunta dos alunos foi: Cadê o professor? Hoje será você é? Expliquei que o Maurício não poderia dar aula hoje mas que eu estava lá e por isso a aula iria acontecer. Eles se entusiasmaram. Arrumei a sala, afastando as mesas e as cadeiras e fazendo um círculo no meio com os alunos. Comecei cantando uma canção ao violão de bom dia que diz assim:
"Bom dia professor (ou o nome dos alunos), como vai?
A nossa amizade nunca saí
Faremos o possível para sermos bons amigos
Bom dia professor, como vai?"
Fui substituindo a palavra professor pelo nome dos educandos, fazendo assim com que eles se apresentassem já que não sabia o nome de todos de cor. Pedi que me acompanhassem com palmas e em uma parte da música fiz uma célula rítmica para eles me acompanharem. Todos fizeram bem. As peraltices foram normais, em muitos momentos se jogavam no chão, um empurrava o outro e sempre eram contidos pela professora Sônia que estava dentro da sala. Fiz um atividade de imitação rítmica onde eu fazia uma célula batendo com as mãos ou em outras partes do corpo e eles tinha que repetir. Comecei bem simples com palmas em semínimas e mínimas, depois fui complicando um pouco, colocando estalo de dedos. Muitos se entusiasmaram em fazer os estalos, mostrando-me a capacidade deles de fazer este movimento. Em outra rodada da atividade pedi para eles criarem ritmos batendo com palmas, estalos, nas pernas ou os pés no chão. Alguns ficaram tímidos em fazer, deixei-os a vontade. Em seguida, passei uma canção com eles onde trabalhei dinâmica e altura, a canção diz assim:
"Eu tenho uma casinha, assim, assim, assim
Eu bato na portinha, assim, assim, assim
E pela chaminé a fumaça sai assim
Engraxo o meu sapato, assim, assim, assim"
Essa canção é toda recheada por gestos condizentes com a letra. A cada repetição eu ia mudando a altura e a dinâmica. Ao final pedi que eles substituíssem a palavra "assim", por palmas; no caso três palmas por verso. Pra terminar coloquei a canção da "Loja do Mestre André" para eles dançarem e cantarem livremente, no entanto, fazendo o gesto de cada instrumento que é comprado na loja. Ao final perguntei quais foram os instrumentos e como era o jeito de tocar cada um, para ver se eles fixaram a canção e os instrumentos. Muitos lembraram exatamente, confundido as vezes o nome do instrumento com o gesto, ou então a palavra.
Quando estava para encerrar a aula a coordenadora pediu licença para me informar que não haveria a aula do 2° ano, pois eles estariam de castigo porque estavam bagunçando muito na aula. Não entendi direito o porque suspender a aula de música, mas naquele momento não argumentei nada. Apenas acatei e fui para a sala do 1° ano.
1° ano...
No 1° ano, Maurício vem fazendo um trabalho com o Lenga la Lenga, onde ele está trabalhando o jogo de mãos da canção "Batom". Iria dar continuidade a esse trabalho, no entanto, não soube ligar o dvd - que vergonha - também porque não encontrei o controle remoto nem da tv nem do dvd. Enfim, iniciei fazendo a mesma canção de bom dia que fiz na outra turma. Eles gostaram muito e me acompanharam nas palmas mais entusiasmados ainda. Como estava sem o dvd, fiz um outra atividade com os sons das letras, no caso as letras: S, X, F, Z, J, V. Trabalhei o som de cada letra, com um acompanhamento num áudio que levei. Essa atividade além de contribuir para o desenvolvimento musical, auditivo dos alunos, pois eles tem que dizer o som da letra num andamento e ritmo determinado pelo acompanhamento, contribui também no processo de letramento, usando o som das letras, a forma da pronúncia, a correta dicção. Muitas dúvidas apareceram, por exemplo, quando eu perguntava o som - fonema - da letra S, e eles me diziam Si, explicava que Si é S + i. Depois de todas as letras pedi que um perguntasse ao outro para adivinhar, quase todos souberam fazer. Ao final, pedi que relembrassem a atividade do "Batom", e sem pestanejar começaram a cantar a canção, muitos querendo imitar a velha caindo no chão. Ainda fizeram o movimento das mãos, algo que estavam sentindo dificuldade nas últimas aulas, o que demostra que o processo de assimilação-acomodação vem acontecendo de uma semana para outra. Feito isso a aula terminou.
Tenho que admitir que fui auxiliado pelas professoras generalistas e isso facilitou e muito o meu trabalho, pois vejo como é desgastante quando Maurício tem de dar conta sozinho para aqueles 20 a 30 alunos em cada turma. A escola é barulhenta, estava acontecendo aula de dança concomitante as outras aulas, - o que acho muito massa - o único problema é a estrutura, onde a aula é feita, falta só organizar isso.
Bem, esse foi o meu dia na Santa Bárbara, cansativo é verdade, mais muito proveitoso, pra mim e pros educandos!
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