Estou muito feliz com o aumento da família PIBID! Novos colegas, novas escolas, novos rumos a serem seguidos e eu também estava a fim de entrar no clima de mudança e por esse motivo resolvi dar um tchau (adeus é muito profundo) á Escola Carmelitana e a partir de agora sugar tudo o que for de útil para minha carreira docente da escola Xavier Marques, localizada no bairro do Bom Juá. Todavia, neste relato vou mostrar para vocês que embora mudemos de lugar, de professor, de escola etc., a realidade da escola pública é a mesma, os desafios se repetem e o aprendizado sempre será mui profundo, afinal a educação musical ainda é um terreno desconhecido, pois saber ministrá-la e o porquê de ministrá-la, ainda são temas de acirradas discussões que envolvem educadores do mundo inteiro.
Na minha primeira ida fomos para a biblioteca e batemos um papo com a diretora e o professor Ednaldo (menos eu que estava sem voz...). Na reunião, eles entenderam o que era de fato o PIBID, ou seja, nossa missão na escola é desmistificar aquilo que durante muitos anos foi alimentado por muitos acadêmicos acerca da educação Musical. Segundo A professora Jaqueline que fez questão de nos acompanhar na primeira visita, Era muito comum o pesquisador nesta área ir às escolas e criticar os professores por terem determinados tipos de postura, sem, entretanto entender, de fato, a realidade daquele lugar; afinal é muito comum que todo o conhecimento adquirido na universidade entre em total contraste com o ensino na prática.Existem lugares e casos em que um grito pode ser muito mais eficaz do que uma conversa amigável com um aluno que extrapola todos os limites com o seu comportamento.
Você, leitor, pode até sentir vontade de me jogar uma pedra, mas por que você não experimenta bater um bom papinho com um professor da rede pública? Mas do que um simples bate papo, nós do PIBID vamos à sala de aula, vivenciamos e aprendemos com o professor de música, questionamos, experimentamos, debatemos... e aí sim, podemos criar, NA PRÁTICA, um possível novo jeito de ensinar. Afinal, é muito fácil dizer que isto é bom, aquilo é ruim, mas é só o professor (educador) que carrega o fardo de dar toda a assistência, carinho, acolhimento e conhecimento necessário, para que o aluno saia da escola diretamente para o pódio da vida e carregue no peito muito mais que uma simples medalha, mas também todo o sentimento de gratidão por aqueles que souberam a hora certa de falar, silenciar, e (porque não?) GRITAR!
Nesse meu primeiro contato com a escola (na semana passada) a reunião se encerrou por que a sala de música estava sendo usada para a realização de uma campanha pelo reconhecimento da paternidade.
Hoje estive lá novamente e junto com meu companheiro Abraão, tivemos contato com a turma do primeiro ano. Lá tinha um garoto que subiu em cima do da mesa e ficou mexendo no ventilador; outros dois que ficavam se escondendo embaixo da mesa; outra que simpatizou tanto comigo que me ofereceu um pouco do seu salgadinho (que ela comia escondido do professor... e eu ainda aceitei, mas que vergonha!); outro que estava amuado e sozinho no fundo da sala; ainda outro que parecia ser questionador e sentava bem na frente. Havia ainda outros alunos que junto com esses que eu citei estavam fazendo uma verdadeira baderna na sala, gritavam mais do que terremoto no último número da escala Richter. O professor tinha chegado um pouco atrasado devido a um transtorno no caminho da escola estávamos então na sala de música? Não. Ali era a sala dos meninos, mas a escola tinha uma sala de música, por que então usar aquela?
Esses eram questionamentos e alunos que o professor Ednaldo me esclareceu um por um após a aula que ele deu na então sala do 1° ano. Lá o professor usou o cd do livro “Batuque Batuque”, havia momentos na música em que nos abaixávamos e nos levantávamos num espaço delimitado por um bambolê. Eu, sinceramente não estava entendendo nada, pois as crianças não paravam de gritar a musica ao invés de cantar, só sabia que falava de um tal de “coelhinho” e abaixava na hora de abaixar e levantava na hora de levantar. Achei interessante quando antes de começar a aula, enquanto Ednaldo ia pegar o material, perguntei ás crianças qual era a música que eles gostavam e lá vai eles cantando (gritando) a tal música das empreguetes.
No término da aula fomos para a sala de música e, a sós com o professor, ele começou a descrever a turma. Por incrível que pareça, essa era a considerada mais tranqüila; o motivo da aula ser na própria sala é devido por causa daquele garotinho que subiu na mesa para mexer no ventilador, ele é Autista e estranha qualquer tipo de ambiente, criando certo temor; segundo Ednaldo, ele tinha a mania de se agarrar nas pessoas e com Ele já está parando com essa mania, na hora de descer da mesa ele deu a mão ao professor somente após certa insistência, por isso ele também tinha a mania de toda hora sair da sala. O menino que estava amuado no fundo da sala só participava das atividades se tivesse algum instrumento, e por sinal, tem uma musicalidade muito boa; a menina que me ofereceu o salgadinho, era muito manhosa e tinha que ter certo cuidado com as brincadeira que se fazia com ele pois ela se ressentia muito fácil.Poderia falar de outros mas acho que esses são os mais destacados no momento, mas estou realmente impressionada com o mergulho dado pelo professor Ednaldo nessa tarefa de educar esses alunos, conhecê-los a fundo, trabalhar com cada um dentro de sua realidade específica...dessa forma percebemos que é possível desmistificar a educação inclusiva. A razão dos meninos gritarem tanto é para serem notados por nós do PIBID (Eu e Abraão). Ele afirmou que a todo o momento os meninos cantavam olhando para nós. Outra causa para a agitação é o fato da professora generalista da turma estar ausente e eles serem ensinados por uma estagiária; gente nova também acaba influenciando seu comportamento.
No final assistimos à apresentação do coral no dia do folclore, houve também uma representação do sítio do pica-pau Amarelo para desta forma recorrer aos personagens do folclore como a Cuca, o lobisomem, etc. Sendo o folclore uma espécie de celebração da cultura popular, no início achei estranho, mas agora compreendo cantar alecrim e bate forte o tambor. O que eu realmente acho uma pena é que a cultura brasileira é tão rica e diversa, mas no dia de fazer uma metalinguagem, recorremos às mesmas coisas, como se folclore fosse só a Mula sem cabeça e o Saci pererê. Pelo amor de Deus! Temos aí o Samba de roda, a mitologia dos Orixás que são passadas oralmente de geração em geração... Belíssimos mitos do candomblé, cada vez mais ameaçados de extinção pela música das empreguetes e outros hits alienados alimentados pela mídia e pelas professoras insensatas do nosso país. Fora tanta coisa de outras regiões que nem conheço...
Educadores! Nosso folclore, assim como todos os conceitos antigos e toda cultura teórica da academia são coisas que realmente precisam ser Desmistificadas!
Olá Paola, o desafio que nos segue será grande, como disse, quando uma turma passa por mudanças (de prof. regentes) o comportamento deles sempre fica alterado. Mas houve mudanças tb de alunos, que pertenciam à turma da tarde (que é bem mais agitada) que foram transferidos para manhã (talvez para tentar amenizar.. não sei se irá resolver..rs..) Quando às apresentações do dia do folclore, foram, inclusive, razão de comentários meus a uma professora da UE, que, quer queira, quer não, ainda existe uma visão muito estereotipada deste conceito (folclore), entretanto naquele dia houve, sim, apresentação de samba de roda (é que vcs saíram antes) e, quanto a mitos do candomblé, ainda existe muito preconceito quanto as suas manifestações dentro da escola, tanto pela parte de professores (salvo exceções) e por parte dos pais (e ainda muito comum na sociedade).
ResponderExcluirP.S.: vc esqueceu de colocar o marcador de nossa escola.. tem como corrigir isso?
ResponderExcluirLembrei: no dia do folclore houve uma apresentação de maculelê.
ResponderExcluirMas este tema [folclore] é muito interessante, favorece incontáveis e intermináveis discussões.. rs..
abç.
Ednaldo, ontem eu ja corrigi o marcador.
ResponderExcluirMauricio.