terça-feira, 21 de agosto de 2012

Relatório Santa Bárbara 21/08 - Alunos professores

Hoje por conta da minha ida ao Devorador Card...ops, Salvador Card, não consegui chegar a tempo para a aula do Grupo 5. No entanto, as outras duas aulas aconteceram normalmente e foram bem proveitosas, principalmente nos aspectos pedagógicos, vamos ao que interessa.

2° ano

Na turma do 2° ano, Maurício está fazendo a aula de flauta doce. O professor dispõe de um material muito bom para essa aula. Além, obviamente, de cada aluno ter a sua flauta, fruto de uma doação da escola para os educandos, há o material da Yamaha, Sopro Novo, onde possui uma série de exercícios sequenciados para os iniciantes no instrumento, mais outros dois métodos, cujo, prometo por as referências na próxima postagem. Um desses métodos vem com um playback de várias canções didáticas, para que o estudante enquanto estiver tocando um nota, por exemplo a Sí, poder ao mesmo tempo ser acompanhado por um piano. Muito legal! Ainda tem um painel bem grande que Maurício pendura no quadro, com todas as posições das flautas. Este compilado foi uma ideia de Maurício que vem surtindo efeitos muito bons. É verdade, que é necessário o professor reclamar, com aquele poderio de voz, algumas vezes os educandos, mas no final todos sempre conseguem tocar bem. Hoje mesmo, o estudo foi da nota lá. Auxiliava as crianças a posicionarem a nota corretamente, alguns sentiram um pouco de dificuldade. Após eles soprarem diversas vezes, repetindo o ritmo que Maurício fazia, o professor soltou o playback. No final, Maurício foi passando de um a um para ver se as crianças estavam fazendo corretamente a embocadura, no caso o Tuuu. Ele tocava e a criança repetia. Feito isso a aula terminou.

1° ano

Já na turma do 1° ano, após esperarmos eles lancharem uma sopa de soja, desejada por alguns e preterida por outros, Maurício iniciou a aula fazendo um feedback da canção que eles tinham aprendido na última aula, e também, relembrando o desafio proposto por ele para as crianças. Todos tentaram se lembrar da canção, e após se esforçarem, e com a ajuda do professor, todos cantaram a música por inteiro. 

"Batom, batom, tira o ba fica o tom
Um dia desses eu conheci
Uma velha que se chamava D. Léia
Velha caiu, o velho viu
Calcinha dela, verde e amarela, cor do Brasil
Quem bater palma imita a velha"

Depois, quando Maurício colocou o dvd - agora todas as salas possuem uma tv e um aparelho de dvd - que eu vim perceber que se tratava de um material do Lenga la Lenga, muito legal por sinal. O desafio, proposto por Maurício, era conseguir fazer aquele jogo de mãos no qual as crianças fazem no dvd. Todos em dupla, eu e Maurício começamos a explicar o movimento inicial. Praticamente a sala toda sentia dificuldade em coordenar os movimentos, e por mais que nos esforçássemos, não tínhamos muito resultado. Entretanto, duas crianças dominaram a movimento e começaram a dar um show na sala, fazendo todo o movimento, até girando, algo já bastante complexo, isso tudo cantando a canção. Maurício chamou elas para a frente da sala para mostrar aos outros colegas. Instintivamente, elas começaram a dar uma aula, mesmo sem perceber. Maurício notou isso e chamou uma outra criança para perto dessas duas. Ela foi inserida na brincadeira e o professor estimulou ao casal a ensinar o movimento para a criança que estava chegando. Ficamos de parte observando. Incrível foi perceber que, sem demorar muito, a criança que estava com dificuldade, pegou o movimento. Outra coisa, não houve fragmentação do ensino. Elas ensinaram tudo, de uma vez só, estimulando, pegando na mão do outro, cantando, errando na primeira, melhorando na segunda, até fazerem perfeito na terceira tentativa. O ensinar se misturava com o brincar. De imediato outras crianças se aglomeraram na frente, e todas começaram uma a ensinar a outra, quem ia aprendendo ia passando, como numa espécie de comemoração pelo feito de ter aprendido; ensinar era o prêmio. Ficamos, eu e Maurício, refletindo como o aprendizado se desenrola com as crianças, como nós é que muitas vezes emperramos o processo, tentando fragmentar tudo, em caixas, compartimento de conhecimento. O quanto o brincar tem de estar a frente da obrigação do exercício. Enfim, saímos satisfeitos dessa aula avessa aos padrões pedagógicos, onde quem deu aula foram as próprias crianças.

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